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Chefe do MPSP arquiva pedido de investigação sobre casa de luxo de Guilherme Derrite

Procurador-geral Paulo Sérgio de Oliveira diz que explicações do secretário foram suficientes e vê compatibilidade patrimonial

Guilherme Derrite e Guilherme Moron (Foto: Reprodução)

247 - O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Paulo Sérgio de Oliveira, determinou o arquivamento do pedido para abrir investigação sobre a casa que o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite (PP), constrói em um condomínio de Porto Feliz, interior paulista. A decisão foi tomada após o envio de esclarecimentos pelo próprio secretário, conforme revelou o Metrópoles.

O pedido havia sido apresentado pelo deputado estadual Antonio Donato (PT), motivado por reportagens do Metrópoles que detalharam a obra e a estimativa de custo. Mesmo sem ouvir o empreiteiro responsável pela construção e o empresário Guilherme Moron — apontado como amigo de Derrite e citado nas reportagens —, o chefe do Ministério Público paulista considerou superadas as suspeitas de improbidade administrativa.

Na decisão de 19 de agosto, o procurador-geral registrou: “Não se coletaram indícios de improbidade administrativa catalogada no artigo 9º […] os esclarecimentos prestados pelo representado foram suficientes para desautorizar a incidência de referido preceito legal, rechaçando a ocorrência de enriquecimento ilícito pela aquisição de bens incompatível à evolução do patrimônio ou renda, pois logrou demonstrar sua origem lícita".

Contrato, pagamentos e terreno

Segundo o despacho, Derrite informou que contratou a Construtora Mota por R$ 151 mil, com pagamento em parcelas mensais de R$ 11,6 mil entre março de 2024 e agosto de 2025. O documento cita ainda a compra do terreno por R$ 489 mil e não detalha os gastos com materiais. A decisão não esclarece eventuais intervalos entre parcelas — a soma mensal simples nesse período ultrapassaria o valor contratado com a construtora.

Para o MPSP, os dados enviados por Derrite e por sua esposa, Iara Maria de Oliveira, demonstram compatibilidade entre renda e despesas. O casal informou “sobras líquidas” anuais de R$ 267.146,08 em 2023 e R$ 350.138,77 em 2024, além da alienação de um imóvel anterior, o que, segundo a decisão, viabilizaria a compra do terreno e a execução da obra residencial.

O que disseram os envolvidos

Em junho, o Metrópoles conversou por telefone com Genilton Mota, da Construtora Mota, responsável pela obra. À reportagem, o empreiteiro afirmou que, à época, a construção já somava cerca de R$ 2 milhões em custos. Em suas palavras: “É, 2,7… até esses tempos atrás eu tava conversando de gasto lá, tava em uns 2, mas material e mão de obra tava comprando tudo, porcelanato, esquadrilha, já comprou tudo".

Ele também estimou o padrão e o custo por metro quadrado: “Eu estou percebendo que vai chegar ali nuns 5 mil, até 6 mil reais o metro quadrado, 5,5. Mas num padrão bem bom, né. A casa dele é padrão alto. Assim, lá em cima é tudo madeira".

Sobre os insumos, Mota detalhou: “Está faltando só comprar as torneiras mesmo e a madeira. De madeira ficou 140 mil de madeira. Porque do assoalho às portas é tudo de madeira tudo cumaru, deck em volta da piscina. Então toda madeira está ficando na casa dos 150 mil".

A Secretaria da Segurança Pública, em nota enviada ao Metrópoles em junho, negou qualquer custeio por parte do empresário do setor de eventos Guilherme Moron: “o empresário Guilherme Moron jamais custeou qualquer valor referente à construção do imóvel do secretário Guilherme Derrite”. A pasta também sustentou que todas as aquisições patrimoniais da família são compatíveis com a renda declarada, que o terreno foi adquirido com recursos obtidos pela venda de um apartamento após o fim do financiamento e que a obra, iniciada no primeiro semestre de 2024, avança de forma gradativa. Segundo a SSP, valores atribuídos à casa em construção corresponderiam a imóveis prontos no mesmo condomínio e não refletiriam o estágio atual do projeto; a secretaria ainda afirma que o endereço não fica em condomínio de “altíssimo padrão”, mas em área urbana de Porto Feliz.

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