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PT e PDT disputam vaga de Celso Sabino no Ministério do Turismo

Pressionado pelo União Brasil a deixar o cargo, Celso Sabino tenta emplacar sucessora

Celso Sabino (Foto: Bruno Spada/Agência Câmara)

247 - A saída anunciada de Celso Sabino do Ministério do Turismo abriu uma intensa disputa por espaço no governo federal e expôs novas pressões sobre aliados. Segundo o O Globo, o ministro comunicou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em reunião na sexta-feira (20), que formalizará sua saída após o retorno de Lula de Nova York, previsto para quarta-feira (24).

A substituição de Sabino está diretamente ligada às articulações para a eleição presidencial de 2026. A possibilidade de nomear a atual secretária-executiva da pasta, Ana Carla Machado Lopes, é avaliada no Palácio do Planalto, como forma de garantir continuidade e preservar a influência do ministro demissionário.

Pressão do PDT e movimentação do Pará

O PDT, que já comanda o Ministério da Previdência com Wolney Queiroz, manifestou interesse em assumir mais um espaço na Esplanada. O pedido foi levado diretamente a Lula durante almoço da bancada no Palácio da Alvorada na semana passada.

Outra variável no tabuleiro é o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), que trabalha para manter um representante de seu estado no comando do Turismo. A estratégia é considerada crucial diante da realização da COP30, marcada para novembro em Belém. Sabino, aliado de Barbalho, pretende concorrer ao Senado na chapa estadual em 2026.

“Pretendo respeitar a decisão do meu partido. O presidente me pediu para aguardar a volta dele da Assembleia Geral da ONU. Vamos voltar a conversar”, afirmou Sabino, em Belém, ao portal g1.

PT aposta em Marcelo Freixo

Parlamentares do PT defendem a indicação de Marcelo Freixo, atual presidente da Embratur. Porém, sua disposição em disputar uma vaga de deputado no próximo ano pesa contra sua nomeação, já que ele precisaria deixar o cargo em abril.

Apesar disso, lideranças petistas não descartam apoiar a entrada do PDT no ministério. O vice-líder do partido na Câmara, Patrus Ananias (MG), destacou: “Tenho muita boa relação com o Freixo e muito respeito por ele. Mas essa é uma questão do governo”.

União Brasil e crise no Esporte

O impasse no Turismo também pressiona o ministro do Esporte, André Fufuca (PP-MA), integrante da federação formada por PP e União Brasil. O partido decidiu entregar todos os cargos ocupados por filiados após a revelação de que uma aeronave supostamente ligada ao presidente da sigla, Antônio Rueda, teria sido usada pelo crime organizado. Rueda nega qualquer envolvimento e acusa o governo de influenciar a divulgação da denúncia, hipótese rejeitada pelo Planalto.

A decisão irritou parte do PP, que esperava manter Fufuca no governo por mais tempo. O Planalto também se incomodou com o voto do suplente de Fufuca na Câmara, Allan Garcês (PP-MA), a favor da urgência na votação do projeto da anistia — pauta que o Executivo tenta barrar.

Relação instável com a base

Sabino assumiu o Turismo em julho de 2023, após a queda de Daniela Carneiro, em um movimento para aproximar o União Brasil do governo. Fufuca chegou dois meses depois, em tentativa semelhante de ampliar a base. Mas, sem apoio sólido no Congresso, Lula passou a investir em negociações diretas com lideranças do Legislativo, especialmente com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).

Na semana passada, Alcolumbre adiou a tramitação da chamada “PEC da Blindagem”, que restringe a atuação da Justiça contra parlamentares sem autorização do Congresso. A proposta, aprovada na Câmara, enfrenta resistência no Senado e mobilizou protestos em diversas cidades do país.

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