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Gleisi contesta governadores de extrema direita e denuncia entreguismo a Trump

De acordo com a ministra, 'segurança pública não pode ser tratada com leviandade e objetivos eleitoreiros'

Ministra de Estado da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, durante evento da Caravana Federal no estado do Paraná (Foto: Gil Ferreira/SRI)

247 - A ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Gleisi Hoffmann, criticou nesta sexta-feira (31) a reunião entre governadores do campo da extrema direita, para discutir a segurança pública no Brasil, após a operação policial mais letal da história do estado do Rio de Janeiro terminar com 121 mortos nos complexos da Penha e do Alemão esta semana.

Em postagem na rede social X, a titular da SRI afirmou que, “vocalizados por Ronaldo Caiado”, os governadores da direita “querem colocar o Brasil no radar do intervencionismo militar de Donald Trump na América Latina”, ao invés de “somar forças no combate ao crime organizado, como propõe a PEC da Segurança enviada pelo presidente Lula ao Congresso”.

“Não conseguem esconder seu desejo de entregar o país ao estrangeiro, do mesmo jeito que Eduardo Bolsonaro e sua família de traidores da pátria fizeram com as tarifas e a Magnitsky. Segurança pública é uma questão muito importante, que não pode ser tratada com leviandade e objetivos eleitoreiros. Combater o crime exige inteligência, planejamento e soma de esforços”.

Além da operação mais letal da história do Rio, outra medida polêmica foi o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), encaminhar ao governo do presidente norte-americano, Donald Trump, um relatório detalhando a atuação da facção criminosa Comando Vermelho (CV) no estado. Já o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) solicitou que forças norte-americanas se desloquem para o Brasil.

Nesta quinta (30), sete governadores anunciaram nesta quinta-feira (30) a criação do chamado "Consórcio da Paz", um projeto de integração para trocar informações de inteligência, prestar apoio financeiro e de contingente policial no combate ao crime organizado.

A reunião ocorreu no Palácio Guanabara, sede do governo fluminense. Além do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, e de Ronaldo Caiado (Goiás), participaram do encontro Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais; Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina; a vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (Progressistas), e Eduardo Riedel (Progressistas), do Mato Grosso do Sul. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), participou remotamente, por chamada de vídeo.

Ação do governo federal

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, divulgou nesta quarta-feira (29) a criação de um escritório emergencial voltado ao combate ao crime organizado no Rio de Janeiro. O anúncio ocorreu no Palácio da Guanabara, após encontro com o governador Cláudio Castro e outras autoridades estaduais.

De acordo com Lewandowski, o novo órgão terá a função de acelerar a integração entre os governos federal e estadual, reduzindo entraves burocráticos e unificando as ações das forças de segurança. O ministro destacou que a meta é restabelecer rapidamente a estabilidade no estado. “Esse será o embrião do que pretendemos instituir em todos os estados com a PEC da Segurança Pública, a fim de enfrentar o flagelo representado pela criminalidade organizada”, afirmou.

A estrutura emergencial contará também com a atuação do Comitê de Inteligência Financeira e Recuperação de Ativos (CIFRA), responsável por enfraquecer financeiramente as organizações criminosas por meio de inteligência financeira, recuperação de bens e apoio técnico em investigações de lavagem de dinheiro. Participará ainda a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO), criada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) em conjunto com órgãos federais e estaduais.

Lewandowski informou que o governo federal disponibilizou vagas no sistema prisional de segurança máxima para a transferência de lideranças de facções. Também anunciou o reforço da Força Nacional de Segurança Pública e o aumento no número de peritos criminais. O ministro acrescentou que a Polícia Federal intensificará as ações de inteligência para enfraquecer as finanças das organizações criminosas.

No Congresso Nacional, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), determinou nesta terça (29) a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado, após a chacina no Rio.

A Organização das Nações Unidas (ONU) e outras entidades fizeram críticas à maneira como aconteceu a operação policial contra a facção criminosa Comando Vermelho (CV), que nasceu no estado na década de 70. Atualmente, o CV conta com forte poderio econômico e tem ramificações em mais de 20 estados brasileiros.

A PEC da Segurança

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 18/2025 prevê a inserção do Sistema Único de Segurança Pública (SUSP) na Constituição Federal. A proposta estabelece que o SUSP funcione de maneira permanente, sob a coordenação de um conselho interfederativo com representação da sociedade civil.

O texto também inclui a constitucionalização do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP) e do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen), garantindo sua manutenção e destinação específica.

Entre as mudanças propostas, está a substituição da atual Polícia Rodoviária Federal pela Polícia Viária Federal, que passaria a ter atuação multimodal. A PEC ainda amplia as atribuições das guardas municipais, autorizando-as a exercer atividades de policiamento ostensivo e comunitário.

Apresentada à Câmara dos Deputados em abril, a medida tem como objetivo aprimorar a integração entre os sistemas de segurança pública das esferas federal, estadual e municipal.

Embora ainda não esteja pronta para votação em plenário, a proposta já obteve aprovação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara.

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