Câmara dos Deputados realizou sessão solene em memória à "catástrofe palestina", a Nakba
A sessão foi liderada por deputados da bancada do PT, que propõem o rompimento de relações com Israel
247 - A Câmara dos Deputados realizou, na quarta-feira (2) uma sessão solene em memória aos 77 anos da Nakba (“catástrofe” em árabe), que marca a expulsão de mais de 750 mil palestinos de suas terras em 1948, com a criação do Estado de Israel.
O evento surgiu de uma proposta dos deputados Paulo Pimenta (PT-RS) e Padre João (PT-MG) e demais parlamentares da bancada petista na Câmara. A sessão é vista como um contraponto à decisão do Senado, que no último mês promulgou o projeto de lei que institui o "Dia da Amizade Brasil-Israel".
“O momento exige mais do que palavras”, afirmou Pimenta, que propôs, ao contrário do Senado: “Temos de sinalizar ao mundo com ações concretas: o Brasil deve romper relações com o Estado de Israel. O silêncio diante do genocídio em Gaza é cumplicidade. A história nos perguntará: onde estávamos quando isso aconteceu?”.
O embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, enfatizou que a situação nos territórios ocupados, especialmente na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, é insuportável e não pode ser mais ignorada. Ele ressaltou que a violência diária, com centenas de pessoas mortas ou feridas, é apenas uma parte da realidade dramática e triste vivida pelo povo palestino.
“Estamos diante de um projeto de erradicação que se sustenta no silêncio oficial internacional e na cumplicidade de potências pró-sionistas que ignoram o clamor de centenas de milhões de vozes ao redor do mundo”, declarou.
Alzeben fez um apelo por justiça e solidariedade ativa. “A Palestina não pede caridade, pede justiça. É um tempo de violência que precisa cessar”, disse. Ele expressou gratidão ao Brasil e a todos que apoiam a causa palestina, especialmente ao Presidente Lula, que, segundo ele, tem sustentado a bandeira da solidariedade.
“Denunciar a ocupação e o genocídio é um dever moral e humano”, concluiu, ao enfatizar a importância de gravar essa tragédia na memória coletiva da humanidade para que não se repita.
O ativista Thiago Ávila, organizador da Flotilha da Liberdade – missões civis que tentam romper o bloqueio a Gaza – e sobrevivente de ataque israelense à missão humanitária no dia 8 de junho, acusa o Estado de Israel de “terrorismo” e pediu o fim do comércio bilateral do Brasil com o Estado. “Israel é um Estado pirata, genocida e terrorista perante o direito internacional”.
Ávila comparou a ideologia sionista a regimes históricos de exceção. “O sionismo, como o apartheid e o nazismo, é uma ideologia racista e supremacista que deve ser erradicada. O mundo acordou. Assassinar crianças de fome é errado, bombardear hospitais é errado”.