Após Virgínia Fonseca, CPI das Bets interroga Rico Melquiades

247 - A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a atuação de plataformas de apostas online no Senado Federal avança para sua etapa final ouvindo celebridades da internet. Após o depoimento da influenciadora Virginia Fonseca nesta terça-feira (13), os senadores interrogam o ex-participante e campeão do reality show "A Fazenda", Rico Melquiades, nesta quarta-feira (14), informa o Metrópoles.

Embora esteja na mira das autoridades desde o início do ano, Rico é ouvido como testemunha. A convocação dele se dá meses após o influenciador ser alvo da operação Game Over 2, deflagrada pela Polícia Civil de Alagoas. A ofensiva investigava a prática de jogos de azar em plataformas online operando ilegalmente. Pouco depois, Rico firmou um acordo de não persecução penal com a Justiça alagoana, reconhecendo os crimes apontados na investigação.

Por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Rico Melquiades terá o direito de se manter em silêncio durante a sessão sempre que entender que uma resposta pode incriminá-lo.

Virginia fala, Rico pode silenciar - Em contraste com o depoimento de Rico, que deve ser marcado por cautela, a audiência com Virginia Fonseca atraiu holofotes e teve momentos de destaque. A empresária e influenciadora digital compareceu ao Senado na condição de testemunha e respondeu à maioria das perguntas dos parlamentares, mesmo tendo obtido no STF o direito de permanecer calada quando julgasse necessário.

Durante a oitiva, Virginia foi questionada sobre contratos com casas de apostas e os possíveis impactos da promoção desses serviços em sua base de seguidores, que ultrapassa os 53 milhões apenas no Instagram. A convocação foi proposta pela relatora da CPI, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), e aprovada em dezembro de 2024.

A senadora busca ampliar o alcance da CPI das Bets e informou que pretende acionar o STF para estender o prazo dos trabalhos, que foi limitado a 45 dias. O argumento é de que as oitivas com influenciadores abrem uma nova linha de investigação que exige tempo adicional.

Apelo midiático e pressão por resultados - A presença de nomes populares nas redes sociais tem ampliado o alcance da CPI junto à opinião pública, mas também coloca em evidência a complexidade da relação entre marketing digital e plataformas de apostas. Ao convocar figuras de grande influência entre os jovens, os senadores esperam demonstrar como campanhas publicitárias envolvendo apostas podem afetar o comportamento do público consumidor, inclusive no que diz respeito ao vício em jogos de azar.

A comissão corre contra o tempo para concluir os trabalhos e apresentar um relatório que proponha medidas efetivas de regulação sobre o setor. A pressão pelo prolongamento das atividades é vista como uma tentativa de aprofundar o alcance das investigações, especialmente em relação aos vínculos comerciais entre influenciadores e empresas envolvidas em denúncias.