Trump e Lula como 'BFFs': o que isso significa
Coluna de André Vieira no Brazil Stock Guide analisa a reaproximação entre o presidente Lula e Donald Trump e o seu impacto econômico
247 – Em sua coluna publicada no Brazil Stock Guide, o jornalista André Vieira analisa a recente reaproximação entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que passaram ser “melhores amigos para sempre” — ou “BFFs”, na expressão em inglês. A conversa telefônica entre os dois líderes, realizada na segunda-feira, foi descrita como “extraordinariamente boa”, segundo os dois presidentes e fontes próximas aos governos.
O diálogo marca o primeiro contato direto desde que Washington anunciou, em agosto, a imposição de tarifas de até 50% nas tarifas sobre produtos brasileiros. Apesar do tom cordial, observa Vieira, a relação ainda precisa se traduzir em avanços concretos nas negociações comerciais.
Tarifas e desequilíbrio comercial
Segundo dados citados por André Vieira, o impacto das medidas norte-americanas tem sido expressivo. Em setembro, as exportações brasileiras para os Estados Unidos caíram 20% — a segunda queda mensal consecutiva, conforme números da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). No mesmo período, as importações de produtos norte-americanos cresceram 11%, impulsionadas principalmente por máquinas e plataformas offshore.
O resultado é um déficit bilateral de aproximadamente 5 bilhões de dólares em 2025. Os setores mais atingidos são o de aço, carne bovina e café — justamente pilares das exportações brasileiras aos Estados Unidos. “Esses segmentos representam uma parte significativa das vendas industriais e agrícolas do Brasil para o mercado norte-americano, e as novas tarifas abalaram cadeias produtivas consolidadas há décadas”, escreve Vieira.
O discurso da “reindustrialização americana”
Para André Vieira, a justificativa oficial do governo Trump é que as tarifas fazem parte da política de “reindustrialização dos Estados Unidos”. Ainda assim, o colunista destaca que o governo brasileiro busca uma conversa “sem preconceitos” e espera que a retomada do diálogo político leve a um entendimento que alivie as restrições impostas.
Enquanto isso, o Brasil tenta compensar as perdas redirecionando exportações para mercados como China, Índia e Argentina. Projeções indicam que o país deve encerrar 2025 com exportações recordes de 345 bilhões de dólares e um superávit de 60,9 bilhões — resultado expressivo, embora 18% menor que o do ano anterior.
Ao final da análise, Vieira observa que a “amizade” entre Trump e Lula, ainda que bem-vinda no plano diplomático, não tem sido suficiente para equilibrar as relações comerciais. “O Brasil continua exportando commodities e importando máquinas e tecnologia. Por enquanto, ser ‘BFFs’ ainda tem um preço”, conclui o jornalista.