Soberania será o mote principal de Lula, que reforçará agendas no Brasil
Após embate com Trump, presidente reduzirá viagens internacionais para priorizar projetos sociais e obras no território nacional
247 – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu adotar uma nova estratégia política para o segundo semestre de 2025, com foco absoluto na defesa da soberania nacional e no fortalecimento de sua presença em território brasileiro. A decisão ocorre após o agravamento da disputa comercial com os Estados Unidos, motivada pela sobretaxa de 50% imposta pelo presidente Donald Trump sobre produtos brasileiros, segundo aponta reportagem do jornal O Globo.
No Palácio do Planalto, a ordem é clara: Lula deverá reduzir ao mínimo indispensável suas agendas internacionais e intensificar compromissos em diversas regiões do país. A meta é reforçar a imagem de um presidente comprometido com o bem-estar dos brasileiros e capaz de responder com firmeza às investidas estrangeiras, ao mesmo tempo em que investe em áreas sociais e na infraestrutura nacional.
A nova agenda já começa a ser implementada. Entre quinta e sexta-feira desta semana, o presidente percorrerá três estados. Em Goiânia, participará do Congresso Nacional da União Nacional dos Estudantes (UNE), na Universidade Federal de Goiás. Ao lado de ministros e parlamentares progressistas, Lula irá repetir um de seus principais lemas: “o Brasil é dos brasileiros”. No discurso, também destacará a necessidade de taxar os mais ricos para ampliar investimentos em educação.
Desde que o governo iniciou o debate sobre justiça tributária, o presidente tem mantido um discurso firme em defesa dos interesses nacionais, agora reforçado pelo embate com o governo norte-americano. A polarização também se estende ao cenário interno, com críticas frequentes ao ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado de Trump, o que integra a estratégia de diferenciação política traçada pelo governo.
Em seguida, Lula viajará para Juazeiro, na Bahia, onde fará entregas do Novo PAC e do programa Agora Tem Especialistas, iniciativa voltada à ampliação da oferta de serviços médicos em policlínicas, ambulatórios e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). O presidente também anunciará parcerias com clínicas privadas para expandir o acesso da população à saúde pública.
Na sexta-feira, Lula seguirá para o Ceará, onde visitará as obras da Ferrovia Transnordestina, um dos principais projetos de infraestrutura do Novo PAC, já com quase 70% de conclusão após aportes de R$ 3,6 bilhões no final de 2024.
As próximas semanas também preveem visitas ao Piauí, com foco em obras de rodovias federais e escolas de tempo integral, consolidando a estratégia de presença constante nas regiões do país que concentram projetos estruturantes. Para aliados, a concentração de Lula em agendas nacionais é vista como fundamental após os desgastes vividos pelo governo no primeiro semestre, marcados por polêmicas envolvendo o Pix, o INSS e o IOF.
Integrantes do núcleo político do governo avaliam que o presidente é “imbatível” nas ruas, principalmente em modo campanha. Além disso, cada viagem movimenta lideranças locais, fortalecendo o capital político da gestão petista. O Planalto aposta no carisma de Lula como o principal trunfo para enfrentar tanto desafios internos quanto a ofensiva externa liderada por Trump.
No plano internacional, Lula continuará cumprindo apenas compromissos considerados imprescindíveis. Até agora, em seu terceiro mandato, ele já visitou 34 países, incluindo nações estratégicas como China, Rússia, França e Japão. Nos próximos meses, seguirá para o Chile em julho, onde participará de uma cúpula em defesa da democracia ao lado de Gabriel Boric, Pedro Sánchez, Gustavo Petro e Yamandú Orsi. Em setembro, Lula discursará na abertura da Assembleia-Geral da ONU, em Nova York. Também estão no radar a cúpula da ASEAN, na Malásia, em outubro, e o G20, na África do Sul, em novembro.
Segundo auxiliares, todas as viagens internacionais renderam ganhos econômicos e diplomáticos ao Brasil, mas o Planalto acredita que, neste momento, é essencial fortalecer a imagem de Lula como presidente presente, empenhado em proteger os interesses nacionais e promover a justiça social.
Ao adotar o discurso da soberania e reforçar a presença nos estados, o presidente busca consolidar seu legado como líder que defende o povo brasileiro contra ataques externos e prioriza conquistas concretas no país.
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