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Centrão mantinha mais de 370 cargos no Planalto mesmo votando contra pautas de interesse do governo

Exonerações atingem União Brasil, MDB, PSD, PP e Republicanos em cargos estratégicos na Esplanada dos Ministérios

Esplanada dos Ministérios (Arquivo/Agência Brasil) (Foto: Agência Brasil)

247 - O governo federal deu início a uma ampla reformulação em sua estrutura de cargos comissionados após sofrer uma derrota significativa no Congresso Nacional. Segundo levantamento realizado pelo UOL, aproximadamente 380 pessoas filiadas a partidos do Centrão que comandam ministérios na Esplanada dos Ministérios ocupavam posições no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) antes da onda de demissões oficializadas na última sexta-feira (10).

A decisão de exonerar os indicados políticos foi tomada após essas legendas votarem para deixar caducar a Medida Provisória que previa o aumento de impostos sobre apostas esportivas online e investimentos financeiros. A votação, realizada na semana anterior às demissões, representou uma ruptura na base de sustentação do governo no Legislativo e motivou a resposta imediata do Palácio do Planalto.

Os dados revelam que integrantes do bloco continuaram a ocupar postos-chave da máquina pública, apesar das bancadas votarem contra projetos de interesse do Planalto. Esses desligamentos foram interpretados como uma forma diante da resistência de parlamentares em apoiar projetos prioritários.

União Brasil tem maior número de cargos

De acordo com a reportagem, o União Brasil lidera a lista, com 119 cargos distribuídos em 26 ministérios. A maior concentração está no Ministério da Integração Regional, pasta que tem no comando Waldez Goes, indicado pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), mas há também postos na Presidência da República, na Advocacia-Geral da União, nos Transportes e na Funai, vinculada ao Ministério dos Povos Indígenas.

MDB mantém força no Ministério dos Transportes

Em seguida aparece o MDB, com 112 cargos, cuja influência se destaca no Ministério dos Transportes, chefiado por Renan Filho (MDB-AL), além de Saúde, Minas e Energia, Gestão e Inovação e na própria Presidência.

PSD amplia influência desde o início do governo

O PSD ocupa 63 cargos e foi o único partido que ampliou seu espaço desde o início da atual gestão, superando o período em que ainda restavam nomeações herdadas do governo Jair Bolsonaro (PL). Esse crescimento ocorreu sobretudo nos ministérios da Agricultura e da Pesca, mas também em áreas como Saúde, Integração e Povos Indígenas.

PP concentra espaços nos Esportes

O PP mantém 48 cargos, sete deles no Ministério dos Esportes, comandado por André Fufuca (PP-MA), além de posições na AGU, Saúde, Integração e Gestão.

Republicanos preserva cargos em Portos e Integração

Já o Republicanos soma 36 cargos, com maior peso no Ministério da Integração e presença em Transportes, Povos Indígenas, Agricultura e três postos no Ministério de Portos e Aeroportos, chefiado por Silvio Costa Filho (Republicanos-PE).

Peso político do bloco

Segundo o levantamento, parte da expansão desses partidos no governo foi resultado de nomeações estratégicas, como as de Celso Sabino (União-PA) no Turismo, André Fufuca nos Esportes e Silvio Costa Filho, na pasta em Portos e Aeroportos.

Essas indicações foram vistas como movimentos do Planalto para tentar consolidar apoio no Congresso. Porém, os cortes de cargos mostram que, apesar das concessões, a relação entre governo e Centrão segue marcada por tensão, em uma disputa permanente por espaço e influência.

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