Soja dispara com avanço nas negociações entre EUA e China
Expectativa de acordo comercial impulsiona commodities agrícolas e traz otimismo aos mercados globais
247 - O preço da soja subiu fortemente nesta segunda-feira (27), impulsionado pelo avanço nas negociações comerciais entre os Estados Unidos e a China, informou a Bloomberg. O progresso nas conversas reacendeu o otimismo de que as duas maiores economias do planeta possam finalmente encerrar a prolongada guerra comercial que afeta o comércio agrícola desde 2018.
Segundo a agência, os futuros da soja chegaram a registrar alta de até 2,8% na Bolsa de Chicago, atingindo o maior nível desde julho de 2024. O movimento ocorreu após o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, afirmar que a China deverá realizar “compras substanciais” da oleaginosa como parte de um pacto em fase final de negociação entre os dois países. O trigo também apresentou forte valorização, com alta de 3,3%, o maior salto desde 12 de agosto, enquanto o milho avançou 1,7%.
Acordo próximo entre Washington e Pequim
De acordo com a Bloomberg, os negociadores dos dois países informaram ter chegado a um consenso sobre diversos pontos, incluindo o comércio agrícola, durante reuniões realizadas no fim de semana. A expectativa é de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder chinês Xi Jinping se encontrem ainda nesta semana, na Coreia do Sul, à margem da cúpula da APEC, para selar o acordo e aliviar as tensões que vêm afetando os mercados globais.
A soja se consolidou como um dos principais pontos de disputa entre as duas potências agrícolas. A China, maior importadora mundial do grão, utilizou o produto como instrumento estratégico na guerra comercial, reduzindo compras dos EUA — seu segundo maior fornecedor — e aumentando importações da América do Sul, especialmente do Brasil, que registrou exportações recordes.
Mercado em expectativa e cenário de oferta
Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) mostram que as exportações semanais de soja norte-americana somaram 1,06 milhão de toneladas, queda de 33% em relação à semana anterior. Nenhum carregamento teve como destino a China, o que reforça a expectativa de um novo ciclo de compras caso o acordo seja firmado.
Analistas avaliam que a demanda chinesa pode crescer significativamente no final de 2025 e início de 2026, antes da colheita brasileira, prevista para ser novamente recorde. “A China ainda não garantiu grande parte de seu suprimento de soja para dezembro e janeiro”, afirmou Naomi Blohm, analista da Total Farm Marketing, estimando as necessidades do país entre 8 e 9 milhões de toneladas nesse período.
Outros especialistas, no entanto, mantêm cautela. “Como a China comprou grandes volumes do Brasil e da Argentina, sua necessidade imediata é modesta”, avaliou Tobin Gorey, estrategista da Cornucopia Agri Analytics. “Mas deveremos ver um aumento nas vendas futuras em algum momento. A questão agora é o timing, não o tamanho”, completou.
Clima de otimismo, mas com cautela
Embora o jornal oficial do Partido Comunista Chinês tenha instado as maiores economias do mundo a “protegerem as conquistas obtidas” nas últimas conversas comerciais, a publicação não confirmou a retomada das compras de soja dos EUA.
Ainda assim, o mercado reagiu positivamente. “Nenhum acordo definitivo foi assinado, então as coisas ainda podem mudar. Mas o otimismo prevalece”, observou Arlan Suderman, economista-chefe de commodities da StoneX.
Às 11h37 (horário de Chicago), os contratos futuros de soja para entrega em janeiro eram cotados a US$ 10,88 por bushel, enquanto o trigo subia para US$ 5,29 e o milho, para US$ 4,30.
O avanço dos preços reflete o alívio parcial das tensões comerciais e renova as esperanças dos produtores rurais norte-americanos, que enfrentam perdas desde que Pequim reduziu suas importações.


