Mercado Livre reforça estratégia no setor farmacêutico e nega verticalização
Comércio de medicamentos ainda enfrenta desafios regulatórios no Brasil, mas empresa vê potencial de R$ 200 bilhões
247 - O Mercado Livre, gigante do comércio eletrônico na América Latina, reafirmou seu compromisso em atuar no setor farmacêutico por meio de seu modelo de marketplace, sem planos de verticalizar seus serviços. Em coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira (9), o diretor-presidente das operações brasileiras da empresa, Fernando Yunes, desmentiu rumores que indicavam uma estratégia de competição direta com as farmácias tradicionais. “Algumas matérias falam que o Meli quer verticalizar o setor e competir com as farmácias, isso é mentira. O Meli quer ser um marketplace, porque é nosso DNA, a gente não quer abrir uma rede de farmácias”, afirmou.
A declaração vem em resposta a especulações geradas pela recente aquisição de uma farmácia em São Paulo, que foi anteriormente de propriedade da Memed, plataforma de serviços médicos digitais. A Associação Brasileira de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) sugeriu que a compra indicava uma intenção de atuar no varejo farmacêutico de forma desregulada. Contudo, o Mercado Livre afirmou que a aquisição tem como objetivo testar a logística de distribuição de medicamentos, e não integrar farmácias à sua operação. Yunes também destacou que a companhia não realiza serviços de telemedicina diretamente, como foi alegado por alguns críticos, mas sim por meio de parceiros do Mercado Pago.
O comércio de medicamentos via marketplace enfrenta dificuldades regulatórias no Brasil, uma vez que não se enquadra nas exigências da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 044 de 2009, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Em resposta a esses obstáculos, o executivo do Mercado Livre defendeu uma atualização da regulamentação, ressaltando que as normas atuais ainda permitem a compra de medicamentos via fax. “O mercado potencial de venda on-line de medicamentos é de R$ 200 bilhões atualmente, e esse número pode crescer com nossa atuação”, destacou Yunes, mencionando ainda que marketplaces já operam com sucesso em países como Estados Unidos, China e na União Europeia.
O Mercado Livre também está expandindo suas operações nesse sentido em diversos países latino-americanos, como México, Argentina, Colômbia e Chile. Caso não haja avanços regulatórios para a venda de medicamentos no modelo 3P (terceiros parceiros), a empresa analisa alternativas para sua inserção no setor. Yunes finalizou destacando a importância de democratizar o acesso a medicamentos no Brasil, um mercado no qual, segundo ele, a companhia ainda não atua, mas enxerga um enorme potencial de crescimento.