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Jorge Gerdau defende postura mais firme do Brasil na guerra comercial do aço

Empresário cita ação da União Europeia e cobra resposta mais eficaz contra a competitividade do aço chinês

Jorge Gerdau (Foto: ANTONIO CRUZ-ABR )

247 - O empresário Jorge Gerdau, presidente do Movimento Brasil Competitivo (MBC) e acionista controlador da Gerdau, reforçou, durante o 26º Congresso do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), a necessidade urgente de uma postura mais assertiva por parte do Brasil na defesa de sua indústria siderúrgica. Segundo Gerdau, o país precisa adotar medidas de proteção mais eficazes diante do aumento da oferta de aço subsidiado pela China e da escalada de medidas de defesa comercial no mercado global. A crítica foi feita na manhã de quinta-feira (9), após a Comissão Europeia propor o aumento da tarifa fora da cota sobre aço e alumínio para 50%, o dobro do valor atual.

Gerdau destacou a ação da União Europeia como um "exemplo de mobilização" de suas economias, essencial para proteger a competitividade industrial no cenário global. "Esse exemplo da Europa, dos 27 países que a compõem — e a Inglaterra e a Grécia normalmente acompanham esses processos —, é extremamente importante porque mostra a mobilização da economia europeia em relação à agressividade e, inclusive, decisões políticas que acontecem no mundo siderúrgico. Essa medida afeta o setor, mas é, de forma mais ampla, uma proteção da competitividade industrial da Europa", afirmou ao Valor.

A superoferta de aço da China tem impactado negativamente o mercado brasileiro, com as importações representando um terço do consumo interno do Brasil. Entre janeiro e agosto deste ano, as importações de aço laminado aumentaram 30% em comparação ao mesmo período de 2024, e a previsão é de um aumento de 32,2% até o final do ano. Apesar das tentativas do Brasil de reforçar as defesas comerciais, com a renovação da Cota-Tarifa, o aço chinês continua entrando no país de forma significativa, o que levou muitas siderúrgicas brasileiras a revisar seus planos de investimento. A Gerdau, assim como a Usiminas, já tomou medidas para reduzir seus investimentos devido à incerteza do mercado.

Gerdau argumentou que o Brasil ainda não adotou o mesmo nível de proteção visto em economias desenvolvidas, como a União Europeia. "O Brasil tem uma estrutura tecnológica competente no Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), mas a guerra hoje é total. O país ainda não atingiu os patamares de proteção que o mundo desenvolvido, o econômico ocidental, tomou", afirmou o empresário, cobrando uma postura mais firme e imediata do governo brasileiro.

Em relação à recente aproximação diplomática entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Gerdau destacou a importância do diálogo. Ele considerou o gesto uma tentativa crucial para reverter a tarifa de 50% sobre o aço brasileiro imposta pelos EUA. "A abertura de diálogo é extremamente importante. Temos esperança de que, através do diálogo, se encontrem caminhos para ajustar, no curto prazo, esse conflito de interesses que temos vivido nas últimas semanas", disse Gerdau.

O empresário também anunciou que a Gerdau iniciará a venda de minério de ferro a partir de 2026, uma estratégia para diversificar suas operações e aumentar sua competitividade global. "Isso vai permitir atender toda a nossa demanda interna e ainda gerar excedente para exportação", explicou, destacando a ampliação da atuação da empresa no setor de mineração.

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