Chinesa Wingtech alerta que apreensão da Nexperia pela Holanda pode afetar lucros
Empresa teme impacto financeiro e instabilidade na cadeia global de semicondutores
247 - A companhia chinesa Wingtech Technology Co. alertou que a decisão do governo holandês de tomar o controle da fabricante de chips Nexperia pode comprometer seus resultados financeiros se a situação não for revertida até o fim de 2025. As informações foram publicadas originalmente pela Bloomberg.
De acordo com o relatório financeiro trimestral divulgado nesta sexta-feira (24), a Wingtech afirmou que “se o controle da Nexperia não puder ser restaurado antes do fim de 2025, a empresa pode enfrentar uma pressão temporária sobre receita, lucro e fluxo de caixa”. A medida, segundo a Bloomberg, está relacionada a uma escalada nas tensões comerciais entre a Europa, os Estados Unidos e a China.
Apesar das incertezas, a empresa sediada em Jiaxing reportou lucros acima das expectativas no terceiro trimestre, com alta de 12,2% na receita do setor de semicondutores, impulsionada pela forte demanda global por componentes eletrônicos. A Wingtech destacou, contudo, que o impacto do impasse com as autoridades holandesas “é difícil de quantificar” e pode comprometer o crescimento sustentado do segmento.
A Nexperia, com sede nos Países Baixos, é fornecedora de peças que equipam veículos de grandes montadoras como Volkswagen AG. Ela tornou-se o centro de uma disputa comercial depois que o governo holandês decidiu, de forma inédita, intervir na companhia no mês passado, atendendo a preocupações de segurança levantadas pelos Estados Unidos. Washington havia advertido que o grupo deveria substituir seu CEO de nacionalidade chinesa para evitar ser incluído em uma lista de empresas sancionadas.
O ministro do Comércio da China criticou a decisão holandesa, afirmando que a apreensão da Nexperia “afetou seriamente a estabilidade da cadeia global de suprimentos”. Já o governo da Holanda declarou que continuará em diálogo com as autoridades chinesas para “buscar uma solução construtiva” para o caso.
A Wingtech, listada na Bolsa de Xangai, já havia sido incluída em 2024 na lista de entidades restritas dos Estados Unidos, o que limitou seu acesso a tecnologias e fornecedores norte-americanos. O episódio reforça o clima de crescentes restrições e rivalidades na indústria global de semicondutores, um dos setores mais estratégicos da atual geopolítica econômica.


