Ambipar recorre à Justiça e pede recuperação judicial para preservar operações e manter liderança ambiental
Pedido de recuperação judicial busca garantir continuidade das atividades e proteger milhares de empregos
247 – A Ambipar protocolou nesta segunda-feira (20) um pedido de recuperação judicial na 3ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro. A medida, segundo a companhia, é essencial para assegurar a continuidade das operações, preservar empregos e garantir que uma das maiores empresas brasileiras de soluções ambientais mantenha sua atuação estratégica no país e no exterior.
Criada em 1995, a Ambipar se consolidou como multinacional brasileira líder em descarbonização, economia circular, transição energética e resposta a emergências ambientais. Atualmente, opera em 41 países, com mais de 20 mil colaboradores, e registrou faturamento de R$ 6,4 bilhões em 2024. A recuperação judicial, afirma a empresa, tem como objetivo “garantir a preservação das atividades empresariais do Grupo Ambipar, permitindo a continuidade de suas operações e a manutenção dos empregos, contratos e serviços prestados”.
Medida busca reorganização transparente e proteção a credores
No comunicado ao mercado, a Ambipar destacou que a recuperação judicial é um instrumento legal necessário para proteger a companhia de cobranças imediatas e permitir a construção de um plano de pagamento responsável e transparente. “A medida também busca assegurar tratamento equitativo aos credores e promover uma reorganização ordenada e transparente”, afirmou a empresa.
A solicitação ocorre após a Justiça ter concedido, em setembro, uma medida cautelar que suspendeu execuções e cobranças por 30 dias, prorrogáveis por mais 30. Com a recuperação judicial, a empresa ganha tempo para negociar com credores, reestruturar dívidas e evitar riscos de interrupção de serviços essenciais ligados à preservação ambiental e atendimento a emergências químicas e biológicas.
Crise financeira teve início com queda de títulos verdes e disputas internas
A crise teve início em setembro, com a desvalorização dos green bonds emitidos pela companhia. Esses títulos sustentavam operações financeiras e desencadearam cobranças de grandes bancos nacionais e internacionais, como Deutsche Bank, Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil, Banco ABC e Sumitomo Mitsui.
O grupo alegou risco de perdas superiores a R$ 10 bilhões em caso de vencimento antecipado de dívidas. A empresa atribuiu as dificuldades a “uma sequência de eventos deflagrada após a descoberta de indícios de irregularidades na contratação de operações de swap pela diretoria financeira e a renúncia abrupta do antigo diretor financeiro”.
Reestruturação global e importância estratégica para o país
Paralelamente ao processo no Brasil, a subsidiária Ambipar Emergency Response, com sede nas Ilhas Cayman e atuação na resposta a crises ambientais, entrou com pedido de adesão ao Chapter 11 nos Estados Unidos, mecanismo similar à recuperação judicial.
Apesar das turbulências, a companhia reforça seu papel estratégico para o Brasil. Sua atuação é considerada essencial em projetos de sustentabilidade, neutralização de carbono, gestão de resíduos e contenção de desastres ambientais — áreas decisivas para a transição ecológica e o cumprimento de metas climáticas globais.
Ao recorrer à Justiça, a Ambipar busca não apenas reorganizar suas finanças, mas assegurar que uma empresa com forte relevância ambiental e milhares de empregos continue operando, inovando e colaborando com políticas de desenvolvimento sustentável no Brasil e no mundo.


