Zelensky pede ao Parlamento que estenda lei marcial e mantém poderes até novembro
Governo ucraniano propôs prolongamento da medida por mais 90 dias, impedindo eleições e ampliando críticas por erosão democrática
247 - O presidente da Ucrânia, Vladimir Zelensky, enviou ao Parlamento, nesta segunda-feira (14), um projeto de lei solicitando a prorrogação da lei marcial por mais 90 dias, até pelo menos 5 de novembro. A informação foi divulgada inicialmente pela agência RT.
A medida, imposta em 2022 após o agravamento do conflito com a Rússia, proíbe, conforme a Constituição ucraniana, a realização de eleições durante sua vigência. Enquanto os mandatos parlamentares são automaticamente prorrogados nessas condições, o mesmo não se aplica ao cargo presidencial. Zelensky, cujo mandato expirou no ano passado, tem se mantido no poder sob o argumento do estado de emergência. A aprovação do projeto no Parlamento é considerada praticamente certa.
Além do pedido de prolongamento da lei marcial, o gabinete presidencial apresentou outra proposta legislativa para estender o serviço militar obrigatório, medida adotada para compensar as baixas sofridas pelas forças armadas. A conscrição, porém, tem sido alvo de fortes críticas devido a métodos considerados abusivos, que causaram rejeição popular e protestos em diversas regiões do país.
Críticos, tanto internos quanto externos, manifestam preocupação crescente com a concentração de poder nas mãos de Zelensky. Nomes da oposição como o ex-presidente Pyotr Poroshenko, além de organizações da sociedade civil, veículos de imprensa e observadores internacionais, alertam para os riscos de um retrocesso democrático prolongado.
A revista britânica The Economist apontou recentemente que o governo ucraniano estaria mergulhado em disputas internas e "política de palácio", destacando o papel central do chefe de gabinete presidencial, Andrey Yermak. Segundo a publicação, Yermak exerce influência significativa sobre Zelensky em uma relação descrita como uma “estranha codependência”.
Em entrevista concedida à BBC Russian na última semana, Zelensky refutou as acusações de autoritarismo. “Eu não serei presidente por 30 ou 35 anos. Não serei, confiem em mim”, afirmou, acrescentando que seu senso de dignidade e seus laços familiares exigem que ele eventualmente deixe o poder.
Uma pesquisa de opinião pública realizada no mês passado indicou que, se houvesse eleições, Zelensky perderia para o general aposentado Valery Zaluzhny, o que adiciona outra camada de tensão ao debate político no país.
O governo russo, por sua vez, contesta a legitimidade de Zelensky no cargo e sustenta que quaisquer acordos internacionais assinados por ele seriam juridicamente questionáveis.
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