Vira-latismo: Bolsonaristas sugerem deportação de Wagner Moura dos EUA
Bolsonaristas têm feito uma campanha de perseguição a críticos nas redes sociais
247 - Bolsonaristas intensificaram uma campanha para pedir às autoridades estadunidenses a deportação do ator Wagner Moura, que vive nos Estados Unidos. Segundo o jornalista Jamil Chade, do UOL, o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) usou as redes sociais neste final de semana para pedir que o secretário de Estados dos Estados Unidos, Marco Rubio “dê uma olhadinha” no caso.
"Esse cara (Wagner Moura) está morando nos EUA e continua apoiando Moraes, atacando TRUMP e dizendo que os EUA agora é uma ditadura. Acho que vale a pena dar uma olhadinha nesse EXTREMISTA, secretário de Estado Marco Rubio, escreveu Gayer, de acordo com o colunista. Para o colunista, a medida simboliza mais do que um ataque isolado: seria parte de uma engrenagem política que busca mobilizar a base mais radical do bolsonarismo.
No artigo, Chade ressalta que a iniciativa é “um populismo barato para mobilizar sua base mais radical e não pode ser visto como um ato isolado”. “Ele é, acima de tudo, uma demonstração de como um movimento político de extrema direita, em busca do poder, está disposto a tudo, inclusive a rifar seu próprio povo”.
Ecos da retórica de Donald Trump
O colunista recorda que o atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante a campanha de 2024, lançou um alerta que causou temor em setores democráticos do país. Trump prometeu agir contra “os inimigos de dentro”, em referência a americanos que se opõem ao projeto da extrema direita. Para Chade, “ali sim uma verdadeira caça às bruxas”.
“O bolsonarismo adotou o mesmo caminho. Hoje, vemos uma extrema direita brasileira submissa, ciente de que, no país, estão esgotadas as opções legais para seus líderes. A fuga ao exterior não é apenas uma manobra para articular ações contra o país. É o reconhecimento de que, dentro das regras da Constituição e da democracia, já não há mais lugar para golpistas”, ressalta o texto do artigo. .
O preço da submissão a potências estrangeiras
No artigo, Jamil Chade relembra episódios históricos em que grupos nacionais recorreram a intervenções de potências estrangeiras. “Ao longo da história, grupos nacionais que apostaram numa intervenção de uma potência estrangeira pagaram um preço elevado. Entregaram as chaves dos cofres, os recursos naturais, os poços de petróleo. Na verdade, sua própria alma”, afirmou.
Ele observa ainda que esses líderes locais, tratados como marionetes, acabam descobrindo que não detêm controle real. “Basta discordar para serem imediatamente defenestrados. E não adianta acusar o outro de ingratidão, como vimos em recentes mensagens entre pai e filho”, escreveu, em referência a atritos recentes dentro do clã Bolsonaro.
Wagner Moura como alvo simbólico
Para o colunista, transformar Wagner Moura em alvo internacional é apenas mais um passo dessa estratégia de submissão e confronto. “Sugerir a deportação de Wagner Moura e denunciá-lo às autoridades estrangeiras poderia ser o novo símbolo do complexo de vira-lata”, destaca Jamil Chade. “É um sintoma de que existe um grupo político disposto a entregar seus vizinhos, seus nacionais, seus próprios cidadãos em troca de seu projeto de poder”, conclui.