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União Europeia e OMS refutam alertas de Trump sobre autismo e gravidez

A European Medicines Agency (EMA) afirmou que não há novos dados que indiquem a necessidade de modificar suas atuais recomendações

Bandeiras da UE na sede da Comissão Europeia em Bruxelas (Foto: REUTERS/Francois Lenoir)

Reuters - Agências de saúde da União Europeia (UE) e do Reino Unido declararam nesta terça-feira que o paracetamol pode ser utilizado durante a gravidez sem que haja evidência nova que justifique alterar as recomendações vigentes, contestando alertas recentes feitos pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que ligavam o uso do medicamento ao risco de autismo.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) também participou do contraponto, afirmando que as provas de uma eventual ligação entre paracetamol usado por gestantes e autismo permanecem “inconsistentes” e que é preciso cautela ao tirar conclusões prematuras.

A European Medicines Agency (EMA) afirmou que não há novos dados que indiquem a necessidade de modificar suas atuais recomendações. "As evidências disponíveis não encontraram ligação entre o uso de paracetamol durante a gravidez e o autismo", disse a EMA, reforçando que o medicamento continua sendo seguro quando usado na dose eficaz mais baixa possível e com a frequência mínima necessária.

O órgão regulador de saúde britânico também declarou seguro o uso de paracetamol por gestantes.

Na OMS, o porta-voz Tarik Jasarevic comentou que embora alguns estudos apontem para uma possível correlação, eles não foram replicados ou confirmados por pesquisas posteriores. “This lack of replicability really calls for caution in drawing casual conclusions,” disse ele num briefing em Genebra.

Viktor Ahlqvist, autor principal de um dos maiores estudos sobre o tema, que analisou cerca de 2,5 milhões de gestações na Suécia, disse que “não há suporte para que paracetamol na gravidez causaria autismo”. Ele ainda ressaltou que efeitos adversos vistos em crianças geralmente se relacionam aos problemas de saúde subjacentes que motivaram o uso do medicamento, não ao medicamento em si.

Trump, durante uma coletiva na Casa Branca, associou o uso de Tylenol (marca de paracetamol), vacinação infantil e outras práticas de saúde a riscos de desenvolvimento de autismo — afirmações que, segundo especialistas, carecem de evidência robusta.

As autoridades europeias e internacionais reforçam que, embora seja sempre prudente monitorar medicamentos usados por gestantes, atualmente não há base científica confiável para alterar as recomendações sobre o uso de paracetamol durante a gravidez nem para afirmar que ele está ligado ao autismo — em contraste com os alertas recentes do presidente Donald Trump.

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