UE e China frustram expectativas de avanço nas relações
Diante da falta de um acordo, UE busca aproximar-se dos Estados Unidos, em meio à pressão tarifária de Trump
247 - A cúpula de alto nível entre União Europeia e China, realizada na última semana em Pequim, foi abruptamente encurtada, em meio a tensões sobre comércio, geopolítica e o fornecimento de terras raras — que ofuscaram as tentativas de celebrar os 50 anos de relações diplomáticas.
O jornal alemão Bild informou que UE e China não resolveram nenhuma das questões problemáticas durante a cúpula. As relações entre os dois lados estão se tornando cada vez mais frias. A situação chegou a tal ponto que a China encurtou o programa do encontro com os europeus de dois dias para apenas um, o que foi recebido com "alívio" em Bruxelas, de acordo com a publicação.
O presidente da China, Xi Jinping, reuniu-se com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em Pequim, durante a tensa cúpula bilateral nesta semana, sem avanços significativos nas disputas geopolíticas e com apenas progressos modestos nas áreas de comércio e mudanças climáticas.
Apesar das divergências aparentes sobre o comércio e a guerra na Ucrânia, os dois lados encontraram um ponto em comum na questão climática, divulgando uma declaração conjunta que reafirma o compromisso mútuo de aprofundar a cooperação na transição verde.
Durante o encontro, também foi acordada a criação do que Von der Leyen descreveu como um “mecanismo aprimorado de fornecimento para exportações”, com o objetivo de acelerar a concessão de licenças para materiais de terras raras — setor em que a China domina a oferta global e que recentemente sofreu novas restrições de exportação por parte de Pequim.
Nos dias que antecederam a cúpula, as relações entre UE e China atingiram o ponto mais baixo, em meio a atritos comerciais e tensões geopolíticas. No início deste mês, o bloco europeu incluiu pela primeira vez bancos e empresas chinesas em um novo pacote de sanções contra a Rússia, em razão da guerra na Ucrânia. Em resposta, Pequim ameaçou tomar “as medidas necessárias” para contrabalançar a ação europeia, alegando que ela “prejudicou seriamente os laços comerciais, econômicos e financeiros”.
A retórica mais agressiva em relação à China ficou evidente em um discurso recente de Von der Leyen, no qual ela acusou o país asiático de “viabilizar de fato a economia de guerra da Rússia”. Esses episódios recentes intensificaram as tensões e, mais uma vez, a cúpula deixou claro que as relações entre China e União Europeia dificilmente devem melhorar num futuro próximo.
Aproximação com Trump - Diante da falta de acordos, Von der Leyen viajou para a Escócia no sábado (26) para uma reunião com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prevista para a tarde deste domingo (27), enquanto autoridades da UE afirmam que os dois lados se aproximam de um acordo comercial.
Na Escócia para alguns dias de golfe e reuniões bilaterais, Trump disse a jornalistas na noite de sexta-feira que estava ansioso para se reunir com von der Leyen, chamando-a de líder "altamente respeitada".
Ele repetiu a opinião de que havia 50% de chance de os EUA e a União Europeia chegarem a um pacto comercial, acrescentando que Bruxelas queria muito "fazer um acordo".
Se isso ocorrer, disse Trump, será o maior acordo comercial já alcançado por seu governo, superando o acordo de US$ 550 bilhões firmado com o Japão no início desta semana.
A Casa Branca não divulgou detalhes da reunião ou os termos do acordo em vista.
A Comissão Europeia disse na quinta-feira que uma solução comercial negociada com os Estados Unidos estava ao alcance, mesmo com os membros da UE votando a favor de contra-tarifas sobre 93 bilhões de euros (US$ 109 bilhões) de produtos norte-americanos, caso as negociações fracassem.
Diplomatas da UE afirmam que um possível acordo entre Washington e Bruxelas deve provavelmente incluir uma tarifa ampla de 15% sobre os produtos da UE importados para os EUA, espelhando o acordo entre EUA e Japão, juntamente com uma tarifa de 50% sobre o aço e o alumínio europeus.
A taxa tarifária ampla seria a metade das tarifas de 30% que Trump ameaçou impor sobre os produtos da UE a partir de 1º de agosto.
Ainda não está claro se Washington vai concordar em isentar a UE das tarifas setoriais sobre automóveis, produtos farmacêuticos e outros produtos que já foram anunciados ou estão pendentes.
Combinando bens, serviços e investimentos, a UE e os Estados Unidos são, de longe, os maiores parceiros comerciais um do outro. A Câmara de Comércio Americana em Bruxelas alertou em março que qualquer conflito colocaria em risco US$ 9,5 trilhões em negócios na relação comercial mais importante do mundo. (Com agências).
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