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Trump vai sair do acordo do clima de Paris, diz documento da Casa Branca

Anúncio reflete o ceticismo de Trump em relação ao aquecimento global, que ele chamou de farsa

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prestando juramento no Capitólio dos EUA (Foto: SAUL LOEB/Pool via REUTERS)
Guilherme Paladino avatar
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Reuters - O presidente Donald Trump retirará novamente os Estados Unidos do Acordo Climático de Paris, informou a Casa Branca nesta segunda-feira, retirando o maior emissor histórico mundial dos esforços globais para combater as mudanças climáticas pela segunda vez em uma década.

A decisão colocará os Estados Unidos ao lado do Irã, Líbia e Iémen como os únicos países fora do pacto de 2015, no qual os governos concordaram em limitar o aquecimento global a 1,5 grau Celsius (2,7 graus Fahrenheit) acima dos níveis pré-industriais para evitar os piores impactos das mudanças climáticas.

O anúncio, feito em um documento da Casa Branca, reflete o ceticismo de Trump em relação ao aquecimento global, que ele chamou de farsa, e se encaixa em sua agenda mais ampla de desregulamentar os perfuradores de petróleo e gás dos EUA para que possam maximizar a produção.

O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, está confiante de que as cidades, estados e empresas dos EUA "continuarão a demonstrar visão e liderança ao trabalhar para um crescimento econômico de baixo carbono e resiliente que criará empregos de qualidade", disse a porta-voz associada da ONU, Florencia Soto Nino, em uma declaração escrita.

"É crucial que os Estados Unidos continuem sendo um líder em questões ambientais", disse ela. "Os esforços coletivos sob o Acordo de Paris fizeram a diferença, mas precisamos ir muito mais longe e mais rápido, juntos."

Os Estados Unidos já são o maior produtor mundial de petróleo e gás natural, graças a um boom de perfuração de anos no Texas, Novo México e outros locais, impulsionado pela tecnologia de fracking e pelos fortes preços globais desde a invasão da Ucrânia pela Rússia.

SEGUNDA RETIRADA DOS EUA - Trump também retirou os EUA do Acordo de Paris durante seu primeiro mandato, embora o processo tenha levado anos e tenha sido imediatamente revertido pela presidência de Biden em 2021. A retirada desta vez deve levar menos tempo – talvez até um ano – porque Trump não estará vinculado ao compromisso inicial de três anos do acordo.

Desta vez, o impacto pode ser mais prejudicial aos esforços globais contra o clima, disse Paul Watkinson, ex-negociador climático e conselheiro sênior de políticas da França.

Os EUA são atualmente o segundo maior emissor de gases de efeito estufa do mundo, atrás apenas da China, e sua saída enfraquece a ambição global de reduzir essas emissões.

"Será mais difícil desta vez porque estamos no meio da implementação, enfrentando escolhas reais", disse Watkinson.

O mundo agora está em ritmo de um aquecimento global superior a 3°C até o final do século, de acordo com um recente relatório da ONU, um nível que os cientistas alertam que desencadearia impactos em cascata, como aumento do nível do mar, ondas de calor e tempestades devastadoras.

Os países já estão lutando para fazer cortes acentuados nas emissões necessários para reduzir o aumento projetado da temperatura, à medida que guerras, tensões políticas e orçamentos governamentais apertados empurram as mudanças climáticas para baixo na lista de prioridades.

A abordagem de Trump é um contraste nítido com a do ex-presidente Joe Biden, que queria que os Estados Unidos liderassem os esforços globais contra o clima e procurou incentivar uma transição do petróleo e do gás por meio de subsídios e regulamentações.

Trump disse que pretende desfazer esses subsídios e regulamentações para fortalecer o orçamento nacional e fazer a economia crescer, mas afirmou que pode fazer isso enquanto garante ar e água limpos nos Estados Unidos.

Li Shuo, especialista em diplomacia climática do Asia Society Policy Institute, disse que a retirada dos EUA pode prejudicar a capacidade do país de competir com a China nos mercados de energia limpa, como energia solar e veículos elétricos.

"A China tende a vencer, e os EUA correm o risco de ficar ainda mais para trás", afirmou.

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