Meta vai criar novo laboratório para desenvolver IA “superinteligente”

247 - A Meta, empresa controladora do Facebook, Instagram e WhatsApp, está prestes a dar um salto ousado na corrida tecnológica com a criação de um novo laboratório dedicado ao desenvolvimento da chamada “superinteligência” — um conceito de inteligência artificial que superaria as capacidades cognitivas humanas. As informações foram publicadas pelo jornal O Globo.

Segundo essas fontes, a Meta recrutou Alexandr Wang, fundador da start-up de IA Scale AI, para liderar o novo projeto. A empresa também estaria em negociações para investir bilhões de dólares na Scale como parte de um acordo mais amplo que incluiria a migração de outros funcionários da start-up para o novo laboratório. Wang, de 28 anos, é uma figura de destaque no setor e sua contratação é vista como uma tentativa clara da Meta de recuperar protagonismo frente a concorrentes como OpenAI, Google e Microsoft.

Nos bastidores, a empresa tem oferecido pacotes salariais vultosos — entre sete e nove dígitos — a dezenas de especialistas de elite do setor, com alguns já tendo aceitado se juntar à nova iniciativa. A criação do laboratório integra uma reestruturação mais ampla nas divisões de IA da Meta, que enfrentaram nos últimos anos desafios internos de gestão, perda de talentos e lançamentos frustrados.

Mark Zuckerberg, CEO da Meta, vem investindo pesadamente no setor e defende que a inteligência artificial é “potencialmente uma das inovações mais importantes da história”. Em fevereiro, ele afirmou: “Este ano vai definir o rumo do futuro”. A estratégia da empresa inclui incorporar IA em todos os seus produtos — dos óculos inteligentes aos aplicativos sociais — e manter uma postura agressiva frente aos avanços dos concorrentes.

A superinteligência, embora ainda teórica, é considerada o ápice do desenvolvimento da IA. Enquanto empresas como OpenAI e Google miram a construção da chamada AGI (Inteligência Artificial Geral), capaz de realizar qualquer tarefa intelectual humana, a superinteligência representa um salto ainda maior — um sistema que superaria de forma significativa o intelecto humano.

O cientista-chefe de IA da Meta, Yann LeCun, supervisiona a pesquisa na área desde 2013, quando Zuckerberg criou o primeiro laboratório interno após perder para o Google a disputa pela aquisição da DeepMind. LeCun, vencedor do Prêmio Turing em 2018, é uma das principais vozes da área, embora tenha visões distintas de parte do Vale do Silício. “A AGI não será alcançada com as tecnologias atuais”, costuma defender.

A Meta também aposta fortemente em uma abordagem de código aberto. Seus modelos Llama e o chatbot Meta AI — incorporado a suas principais plataformas — são exemplos dessa estratégia. Em maio, Zuckerberg afirmou que mais de um bilhão de pessoas utilizam o Meta AI mensalmente.

Porém, o caminho não tem sido isento de tropeços. A companhia foi criticada por supostamente manipular benchmarks para favorecer seus próprios produtos e enfrenta forte concorrência por talentos. Recentemente, engenheiros da divisão de IA deixaram a empresa, insatisfeitos com o ritmo de trabalho e disputas internas.

A contratação de Wang, nesse contexto, é simbólica. O empreendedor fundou a Scale AI em 2016, e transformou a empresa em uma fornecedora estratégica de serviços de rotulagem e processamento de dados para gigantes como Microsoft e OpenAI. Mais recentemente, a Scale ampliou sua atuação para projetos em setores públicos e privados, com foco em soluções corporativas baseadas em IA.

Wang já demonstrou ambição e visão estratégica. Em 2020, publicou uma carta aberta no The Washington Post pedindo ao então presidente Donald Trump que aumentasse os investimentos dos EUA em IA. “Os Estados Unidos precisam vencer a guerra da inteligência artificial”, escreveu.