HOME > Mundo

Trump revoga veto da Califórnia a carros a gasolina e ameaça elevar tarifa sobre automóveis

Presidente dos EUA diz que tarifas maiores forçarão montadoras a produzirem localmente e celebra fim das regras ambientais do estado mais populoso do país

Veículos de marcas de automóveis pertencentes à General Motors Company são vistos em uma concessionária no Queens, Nova York, EUA, em 16 de novembro de 2021 (Foto: REUTERS/Andrew Kelly)
Luis Mauro Filho avatar
Conteúdo postado por:

247 - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira (12) duas medidas que alteram profundamente a política ambiental e industrial do país: a revogação das regras da Califórnia que proibiriam a venda de veículos a gasolina em 2035 e a possibilidade de aumentar a tarifa de importação de automóveis, atualmente em 25%.

Durante cerimônia na Casa Branca, Trump celebrou a revogação das regulações ambientais californianas como um marco de sua gestão: “Resgatamos oficialmente a indústria automotiva dos EUA da destruição ao encerrar, de uma vez por todas, o mandato de veículos elétricos da Califórnia”, afirmou. “Eles disseram que não poderia ser feito, mas isso nos deixou travados por anos.”

A iniciativa de Trump encerra a autonomia do estado da Califórnia — prevista desde 1970 na Lei do Ar Limpo — para estabelecer normas mais rígidas que as federais quanto às emissões veiculares. Ao anular os dispositivos legais concedidos durante a presidência de Joe Biden, o republicano também extingue programas como o que previa a eliminação progressiva da venda de automóveis movidos a combustíveis fósseis ao longo da próxima década.

Pressão tarifária e reação do mercado

Trump ainda sugeriu elevar a tarifa sobre carros importados como incentivo à produção local. “Posso subir essa tarifa em um futuro não muito distante. Quanto mais alto for o imposto, mais provável será que construam fábricas aqui”, declarou, mencionando o plano da General Motors de investir US$ 4 bilhões em plantas nos EUA para evitar custos com tributos.

A declaração provocou queda imediata nas ações das principais montadoras. Às 12h32 (horário de Nova York), os papéis da GM recuavam 1,5%, enquanto Ford e Stellantis registravam baixas de 1,7% e 1,9%, respectivamente.

O comentário ocorre dias após Trump dobrar as tarifas sobre aço e alumínio para 50%, intensificando disputas comerciais com parceiros estratégicos como Japão e Alemanha — que tentam, por meio de negociações, evitar os efeitos das medidas nos seus setores industriais.

Conflito com ambientalistas e setores industriais

Organizações ambientais reagiram com indignação ao novo ataque do presidente contra as políticas de transição energética. Katherine García, diretora do programa Transporte Limpo para Todos do Sierra Club, afirmou em nota: “O ataque da administração Trump ao ar limpo e aos veículos limpos só beneficia a indústria dos combustíveis fósseis, deixando os americanos com custos mais altos de abastecimento, menos opções de veículos e mais poluição.”

A medida também amplia o embate com autoridades californianas, já tensionado por divergências sobre temas como imigração — Trump chegou a enviar tropas da Guarda Nacional e dos Fuzileiros Navais para apoiar operações no estado.

Embora a legislação federal invalidada por Trump encontrasse oposição de setores automotivos, que alegavam dificuldade em lidar com regras diferentes entre estados, muitas montadoras defendem um padrão único para o país. A Toyota, por exemplo, elogiou a mudança, chamando a norma californiana de “irrealista” e defendeu que “um mercado orientado pelo consumidor, com um padrão nacional único, trará mais estabilidade e competição saudável à indústria automotiva”.

Fim de uma era ambiental

Ao invalidar as diretrizes da Califórnia, Trump atinge um dos pilares da política ambiental norte-americana das últimas décadas. As regras locais, replicadas por outros estados, influenciaram globalmente os padrões de emissões e impulsionaram a indústria de veículos elétricos.

Em paralelo, o Departamento de Transportes dos EUA sinalizou que pretende revogar outra medida da era Biden, que exigiria das montadoras uma média de consumo de 50 milhas por galão em suas frotas até 2031.

O atual movimento do presidente republicano retoma a cruzada antiambiental já iniciada em seu primeiro mandato. Desta vez, porém, com respaldo do Congresso, o que — segundo ele — dá maior durabilidade às ações: “Eu ia assinar uma ordem executiva e tentar por conta própria. Mas o bom disso é que, número um, dura para sempre”, afirmou.

❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

Rumo ao tri: Brasil 247 concorre ao Prêmio iBest 2025 e jornalistas da equipe também disputam categorias

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Cortes 247

Relacionados

Carregando anúncios...
Carregando anúncios...