Trump pressiona China a quadruplicar compras de soja dos EUA em meio a trégua tarifária prestes a vencer
Analistas veem baixa probabilidade de acordo enquanto Pequim reforça compras de fornecedores sul-americanos
247 - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu neste domingo (10) que a China quadruplicasse suas encomendas de soja norte-americana, numa movimentação que provocou alta imediata nos preços do grão na Bolsa de Chicago. A solicitação foi feita às vésperas do fim de uma trégua tarifária entre Washington e Pequim, prevista para expirar nesta terça-feira (12), segundo noticiou a Reuters.
Em publicação noturna na rede Truth Social, Trump afirmou que a China estaria preocupada com a falta de soja e expressou a expectativa de que Pequim “rapidamente” aumente suas compras. “O atendimento será rápido. Obrigado, presidente Xi”, escreveu o presidente norte-americano, em referência a Xi Jinping. Após a mensagem, o contrato mais negociado da soja na Bolsa de Chicago avançou 2,38%, chegando a US$ 10,11 por bushel.
Escala do pedido é improvável, dizem especialistas
A China importou cerca de 105 milhões de toneladas de soja em 2024, sendo pouco menos de um quarto originado nos EUA e a maior parte vinda do Brasil. Para atingir o nível sugerido por Trump, Pequim teria de transferir quase toda sua demanda para o mercado norte-americano, algo considerado “altamente improvável que a China compre quatro vezes o seu volume habitual de soja dos EUA”, segundo Johnny Xiang, fundador da consultoria AgRadar, sediada em Pequim.
A atual trégua tarifária foi estabelecida para aliviar tensões comerciais, mas ainda não está claro se o aumento das compras de soja será uma condição para sua renovação. O governo Trump tem sinalizado interesse em reduzir o superávit comercial chinês com os EUA, e a soja é um dos produtos-chave nesse cálculo.
Movimentos de mercado e estratégias de abastecimento
No mercado interno chinês, os futuros de farelo de soja recuaram 0,65%, para 3.068 yuans por tonelada, diante da expectativa de aumento na oferta norte-americana. A imprensa especializada aponta que, desde o início do ano, Pequim não fechou compras significativas de soja dos EUA para o quarto trimestre, elevando a preocupação de produtores norte-americanos, que dependem do início da temporada de exportação pós-colheita.
Analistas como Even Rogers Pay, da Trivium China, destacam sinais de que Pequim pode até abrir mão das compras de soja norte-americana neste ano, buscando fornecedores alternativos. Prova disso foi a aquisição recente de três carregamentos de farelo de soja da Argentina, segundo relatos anteriores da Reuters, movimento visto como tentativa de garantir preços mais competitivos e mitigar riscos de interrupção no fornecimento.
Histórico de metas descumpridas
No acordo comercial da “Fase Um”, firmado durante o primeiro mandato de Trump, a China comprometeu-se a aumentar significativamente suas compras de produtos agrícolas norte-americanos, incluindo soja. Entretanto, não atingiu as metas estabelecidas. Agora, com a pressão renovada da Casa Branca e o cenário de tensões comerciais, o desfecho dessa nova rodada de negociações permanece incerto.
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