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Trump ordena investigação sobre frigoríficos por alta da carne nos EUA

Presidente dos EUA pede ação imediata do Departamento de Justiça contra gigantes do setor, acusando manipulação de preços

Pedaços de carne em supermercado (Foto: REUTERS/Stringer)

247 - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, determinou nesta sexta-feira (7) que o Departamento de Justiça abra uma investigação federal sobre a indústria de processamento de carne. O mandatário afirmou que empresas “majoritariamente de capital estrangeiro” estariam por trás do aumento expressivo nos preços da carne bovina no país.

De acordo com a Bloomberg, Trump utilizou suas redes sociais para ordenar que o Departamento de Justiça “inicie imediatamente” as investigações contra frigoríficos acusados de conluio, manipulação e fixação de preços. “Peço que o DOJ aja com urgência”, escreveu. “É preciso agir imediatamente para proteger os consumidores, combater monopólios ilegais e garantir que essas corporações não lucrem criminalmente às custas do povo americano.”

Impacto no mercado e reações corporativas

As declarações do presidente provocaram forte reação no mercado financeiro. As ações da JBS NV, multinacional brasileira e maior processadora de carne do mundo, caíram até 6,2% nas negociações pós-fechamento em Nova York. Outras empresas do setor também foram afetadas: a Smithfield Foods Inc., controlada pelo grupo chinês WH Group Ltd., teve queda semelhante, enquanto os papéis da Tyson Foods Inc. recuaram cerca de 2% antes de voltarem a subir. Nenhuma das companhias comentou o caso.

O setor de carnes nos Estados Unidos enfrenta alta acumulada de 16% apenas em 2025, segundo dados do Departamento de Agricultura (USDA). A disparada ocorre em meio à redução do rebanho bovino americano ao menor nível em sete décadas, resultado de secas prolongadas.

Pressão política e foco na inflação alimentar

A escalada dos preços da carne tornou-se um tema central na política doméstica americana. Nas eleições parciais desta semana, o alto custo de vida foi decisivo para vitórias democratas sobre republicanos aliados de Trump. Diante disso, assessores do presidente afirmaram que ele deve reforçar medidas voltadas à redução de preços e à acessibilidade alimentar.

A carne é o novo alvo das ações de Trump para conter a inflação dos alimentos. O preço da carne moída atingiu recordes neste ano nos supermercados do país. Ainda assim, especialistas alertam que a reconstrução do rebanho nacional pode levar anos, mantendo os preços elevados por um período prolongado.

Acusações de práticas anticompetitivas

Os frigoríficos vêm sendo criticados há anos por práticas de concentração de mercado e acordos ilegais de preços. Durante o governo de Joe Biden, o Departamento de Agricultura chegou a criar um canal para produtores denunciarem práticas comerciais injustas, após diversas empresas pagarem centenas de milhões de dólares em acordos judiciais relacionados à concorrência desleal.

Agora, Trump retoma o tema com uma retórica mais agressiva, atribuindo a culpa às empresas estrangeiras e exigindo ação criminal. Em uma nova publicação, o presidente escreveu: “Embora os preços do gado tenham caído substancialmente, o preço da carne embalada aumentou — portanto, há algo suspeito.”

Contradições e tensões com o setor agrícola

Apesar do discurso de proteção ao produtor americano, Trump enfrenta resistência dentro do próprio Partido Republicano, especialmente em estados agrícolas. Aliados afirmam que sua decisão de ampliar as importações de carne bovina argentina, isenta de tarifas, pode prejudicar os criadores locais.

Os contratos futuros de gado também sofreram ajustes recentes, refletindo o temor dos investidores de que as importações da Argentina, bem como novas negociações comerciais com México e Brasil, aumentem a oferta e pressionem o mercado interno. No entanto, analistas afirmam que o impacto sobre os preços ao consumidor ainda deve demorar a se concretizar.

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