Trump intensifica repressão e provoca tensão em Nova York, Chicago e outras cidades
Agressividade de agentes da imigração nos Estados Unidos gera confrontos, hospitalizações e críticas após medidas do presidente Donald Trump
247 – As recentes operações de imigração nos Estados Unidos estão ampliando os conflitos entre comunidades e autoridades federais. De acordo com reportagem da Reuters, cenas de violência marcaram ações em cidades como Nova York, Chicago e Boston, onde mulheres foram agredidas, manifestantes sofreram repressão com gás lacrimogêneo e até um funeral no México expôs a escalada da crise migratória.
Na cidade de Chelsea, região metropolitana de Boston, uma mulher identificada apenas como Hilda foi detida por agentes federais, mesmo sendo residente permanente legal nos EUA. Segundo Milagros Barreto, ativista do grupo pró-imigração La Colaborativa, a cena foi marcada por violência:
“Não importa de onde você vem. Se você parece latino, você é um alvo”, afirmou Barreto.
Imagens registradas pela Reuters mostram a mulher no chão, com as mãos algemadas e o filho ao lado chorando. A vítima precisou ser levada ao hospital após sofrer ferimentos no ombro e agravar uma lesão pré-existente nas costas.
Em Nova York, outro episódio chamou atenção quando um agente do ICE empurrou uma mulher equatoriana, Monica Moreta-Galarza, ao chão dentro de um tribunal. Ela implorava para que o marido não fosse deportado. O vídeo, divulgado pelo ProPublica, levou o Departamento de Segurança Interna (DHS) a afastar o agente.
“A conduta do oficial neste vídeo é inaceitável e está abaixo do padrão dos homens e mulheres do ICE”, declarou a porta-voz do DHS, Tricia McLaughlin.
Chicago em confronto aberto
Na cidade de Broadview, região de Chicago, a repressão foi ainda mais violenta. Protestos contra um centro de detenção foram dispersados com gás lacrimogêneo, balas de pimenta, granadas de efeito moral e disparos de munições “menos letais”.
O reverendo Beth Brown, da Lincoln Park Presbyterian Church, criticou a ação:
“As pessoas estavam em pé pacificamente atrás da grade e, sem absolutamente nenhuma razão, balas de pimenta foram disparadas.”
As autoridades federais, por sua vez, alegaram que mais de 200 manifestantes bloquearam acessos ao local e tentaram invadir o centro de detenção.
A ofensiva de Trump e a resistência local
O presidente Donald Trump, que intensificou a política de deportações em busca de números recordes, insiste em justificar as ações com foco em “criminosos”, embora muitos dos detidos não tenham antecedentes criminais. A tensão é maior em grandes centros urbanos governados por democratas, como Nova York, Chicago e Washington, onde a resistência popular cresce a cada operação.
Organizações comunitárias e governos estaduais também reagiram. O governador da Califórnia, Gavin Newsom, assinou recentemente uma lei proibindo agentes do ICE de usarem máscaras para ocultar suas identidades, medida duramente criticada pelo governo Trump.
Tragédia em paralelo
Enquanto isso, no México, familiares enterraram Silverio Villegas Gonzalez, morto por um agente do ICE em um subúrbio de Chicago no início do mês. A versão oficial afirma que o agente temeu por sua vida, embora as imagens da câmera corporal mostrem o policial admitindo que seus ferimentos não eram graves.
As operações do ICE, sob orientação direta da Casa Branca, estão gerando uma onda de indignação e resistência em diversas cidades norte-americanas. O aumento da violência e as denúncias de abusos reforçam a percepção de que a política migratória de Donald Trump tem aprofundado divisões sociais e raciais no país, abrindo caminho para uma crise humanitária e política de grandes proporções.