Trump fecha acordo comercial com a Indonésia enquanto a UE prepara retaliação

WASHINGTON/BRUXELAS, 15 de julho (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na terça-feira um acordo comercial com a Indonésia, o mais recente pacto em uma tentativa de consolidar melhores termos com parceiros comerciais e reduzir um enorme déficit comercial, mesmo com a União Europeia preparando medidas retaliatórias caso as negociações entre Washington e seu principal parceiro comercial fracassem.

"Ótimo acordo para todos, fechado com a Indonésia. Negociei diretamente com o respeitadíssimo presidente deles. MAIS DETALHES A SEGUIR!!!" disse Trump em uma publicação no Truth Social.

O comércio total da Indonésia com os EUA — totalizando pouco menos de US$ 40 bilhões em 2024 — não está entre os 15 principais, mas vem crescendo. As exportações dos EUA para a Indonésia aumentaram 3,7% no ano passado, enquanto as importações de lá aumentaram 4,8%, deixando os EUA com um déficit comercial de quase US$ 18 bilhões.

As principais categorias de importação dos EUA da Indonésia, de acordo com dados do US Census Bureau obtidos na ferramenta TradeMap do International Trade Centre, no ano passado foram óleo de palma, equipamentos eletrônicos, incluindo roteadores e switches de dados, calçados, pneus de carro, borracha natural e camarão congelado.

Susiwijono Moegiarso, alto funcionário do Ministério de Coordenação de Assuntos Econômicos da Indonésia, disse à Reuters em uma mensagem de texto: "Estamos preparando uma declaração conjunta entre os EUA e a Indonésia que explicará o valor da tarifa recíproca para a Indonésia, incluindo o acordo tarifário, os arranjos não tarifários e os arranjos comerciais. Informaremos (o público) em breve."

O secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, disse à CNBC que o acordo com a Indonésia daria continuidade à tendência de eliminação de tarifas sobre exportações dos EUA, ao mesmo tempo em que imporia tarifas sobre importações, semelhante à estrutura comercial anunciada recentemente com o Vietnã.

Ele anunciou a Indonésia esta manhã. Sem tarifas lá. Eles pagam tarifas aqui, mudando a assimetria para o nosso lado. Vamos trazer a indústria de volta, e isso vai liberar nossos agricultores, pecuaristas, pescadores e nossas indústrias.

Lutnick não especificou o nível de tarifas a serem cobradas sobre os produtos indonésios.

Trump ameaçou o país do Sudeste Asiático com uma tarifa de 32% a partir de 1º de agosto, em carta enviada ao presidente na semana passada. Ele enviou cartas semelhantes a cerca de duas dúzias de parceiros comerciais neste mês, incluindo Canadá, Japão e Brasil, estabelecendo tarifas gerais que variam de 20% a 50%, além de uma tarifa de 50% sobre o cobre.

O prazo de 1º de agosto dá aos países-alvo tempo para negociar acordos que possam reduzir as tarifas ameaçadas. Alguns investidores e economistas também notaram o padrão de Trump de recuar em suas ameaças tarifárias.

Desde o lançamento de sua política tarifária, Trump fechou apenas alguns acordos, apesar de sua equipe alardear um esforço para fechar "90 acordos em 90 dias". Até o momento, acordos-quadro foram firmados com o Reino Unido e o Vietnã, e um acordo provisório foi firmado com a China para evitar as tarifas mais altas de Trump enquanto as negociações entre Washington e Pequim continuam.

UE PREPARA RETALIAÇÃO

O avanço com a Indonésia ocorreu no momento em que a Comissão Europeia, o órgão regulador da UE, se prepara para atingir 72 bilhões de euros (US$ 84,1 bilhões) em produtos dos EUA - da Boeing (BA.N), abre uma nova abade aeronaves e uísque bourbon a carros - para possíveis tarifas caso as negociações comerciais com Washington fracassem.

Trump está ameaçando impor uma tarifa de 30% sobre as importações da UE a partir de 1º de agosto, um nível que autoridades europeias dizem ser inaceitável e que acabaria com o comércio normal entre dois dos maiores mercados do mundo.

A lista, enviada aos estados-membros da UE e vista pela Reuters na terça-feira, é anterior à decisão de Trump no fim de semana de aumentar a pressão sobre o bloco de 27 países e responde, em vez disso, às taxas dos EUA sobre carros e peças automotivas e a uma tarifa básica de 10%.

O pacote também abrange produtos químicos, dispositivos médicos, equipamentos elétricos e de precisão, bem como produtos agrícolas e alimentícios — uma variedade de frutas e vegetais, além de vinho, cerveja e destilados — avaliados em 6,35 bilhões de euros.

Após uma reunião de ministros da UE em Bruxelas na segunda-feira, autoridades disseram que ainda estavam buscando um acordo para evitar o forte golpe tarifário de Trump.

Mas o chefe comercial da UE, Maros Sefcovic, disse que os presentes na reunião expressaram uma determinação sem precedentes para proteger as empresas da UE usando contramedidas europeias se as negociações com Washington não chegarem a um acordo.

Reportagem de Philip Blenkinsop em Bruxelas e David Lawder em Washington; Reportagem adicional de Richard Lough em Paris; Amanda Teresia, Stefanno Sulaiman e Gayatri Suroyo em Jacarta; Edição de Daniel Wallis e Chizu Nomiyama