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Trump e Zelensky entram em choque novamente e EUA alertam que podem abandonar negociações

Presidente dos EUA eleva tom contra líder ucraniano e ameaça se retirar das negociações caso não haja acordo com Moscou nesta semana

Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky (à esq.) e o homólogo norte-americano Donald Trump, na Casa Branca - 03/2025 (Foto: Brian Snyder / Reuters)
Luis Mauro Filho avatar
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247 - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky entraram em confronto novamente nesta quarta-feira (23) sobre os esforços para acabar com a guerra de três anos na Ucrânia, com o líder norte-americano repreendendo Zelensky por se recusar a reconhecer a reintegração da Crimeia pela Rússia. A reportagem é da Reuters

O vice-presidente de Trump, JD Vance, disse que era hora de a Rússia e a Ucrânia concordarem com uma proposta de paz dos EUA "ou os Estados Unidos se afastarem do processo", ecoando um alerta de Trump na semana passada.

Vance disse a jornalistas, na Índia, que a proposta pede o congelamento das linhas territoriais "em algum nível próximo de onde estão hoje" e um "acordo diplomático de longo prazo que, espera-se, levará à paz de longo prazo".

"A única maneira de realmente parar a matança é que os Exércitos deponham suas armas e congelem essa coisa", disse ele.

O chefe de gabinete de Zelensky, Andriy Yermak, afirmou em uma publicação no X nesta quarta-feira que enfatizou aos EUA, em Londres, que a Ucrânia "permanecerá firme em seus princípios fundamentais durante as negociações" relacionadas à soberania e integridade territorial.

Zelensky reiterou na terça-feira que a Ucrânia não vai reconhecer a anexação da Crimeia pela Rússia, dizendo: "Não há nada a discutir aqui. Isso é contra a nossa Constituição."

Trump, que discutiu com Zelensky em uma reunião televisionada no Salão Oval em março, classificou a declaração como inflamatória que tornou um acordo de paz mais difícil de ser alcançado.

O presidente dos EUA disse que a Crimeia foi perdida anos atrás "e nem é um ponto de discussão".

"Ninguém está pedindo a Zelensky que reconheça a Crimeia como território russo, mas, se ele quer a Crimeia, por que não lutaram por ela onze anos atrás, quando ela foi entregue à Rússia sem que um tiro fosse disparado?", escreveu Trump no Truth Social.

A Crimeia reintegrou-se à Rússia em 2014, após 96,77% de sua população votar a favor da medida em referendo.

Trump repreendeu o líder ucraniano e disse que os EUA estavam tentando impedir a matança em seu país e que eles estavam "muito perto de um acordo" de paz.

Desde que assumiu o cargo, em janeiro, Trump alterou drasticamente a abordagem dos EUA, pressionando a Ucrânia a concordar com um cessar-fogo e, ao mesmo tempo, flexibilizando muitas medidas tomadas pelo governo Biden para sancionar a Rússia pela invasão à Ucrânia.

O Ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sybiha, disse após as negociações desta quarta-feira que Kiev está comprometida em trabalhar com os EUA para alcançar a paz.

VIAGEM CANCELADA

Mais cedo, autoridades americanas, ucranianas e europeias se reuniram em Londres para negociações de paz com o objetivo de pôr fim à guerra de três anos. O Secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, cancelou sua viagem para lá, levantando dúvidas sobre o progresso que estava sendo feito.

A ausência de Rubio motivou o cancelamento de uma reunião mais ampla com ministros das Relações Exteriores da Ucrânia, Reino Unido, França e Alemanha, ressaltando as divergências entre Washington, Kiev e seus aliados europeus sobre como pôr fim à guerra.

Trump alertou que Washington pode recuar caso não haja progresso em um acordo em breve. Ele aumentou a pressão no domingo, quando disse esperar que Moscou e Kiev cheguem a um acordo nesta semana para encerrar o conflito.

No centro das negociações desta quarta-feira estava uma tentativa de estabelecer o que Kiev poderia aceitar, após o enviado especial de Trump, Steve Witkoff, apresentar propostas em uma sessão semelhante em Paris na semana passada.

Um porta-voz do primeiro-ministro britânico Keir Starmer minimizou qualquer decepção com o cancelamento abrupto de Rubio e disse que as negociações envolveram "reuniões técnicas substanciais com autoridades europeias, americanas e ucranianas sobre como interromper os conflitos".

"Continuamos absolutamente comprometidos em garantir uma paz justa e duradoura na Ucrânia e essas negociações de hoje são uma parte importante disso", disse o porta-voz.

Uma autoridade próxima às negociações disse que havia progresso.

(Reportagem de John Irish em Paris, Elizabeth Piper, Daphne Psaledakis e Tom Balmforth em Londres; reportagem adicional de Erin Banco, Jonathan Landay e Steve Holland em Washington e Yuliia Dysa, Anna Pruchnicka e Max Hunder em Kiev)

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