Trump é citado em nova carta atribuída a Jeffrey Epstein
Documento divulgado pelo governo dos EUA traz conteúdo perturbador e reacende questionamentos sobre o caso Epstein
247 - Um documento incluído no mais recente lote de arquivos relacionados a Jeffrey Epstein, divulgado pelo governo dos Estados Unidos, trouxe à tona uma carta de teor perturbador atribuída ao financista e endereçada a Larry Nassar, ex-médico da equipe de ginástica olímpica dos EUA condenado por crimes sexuais. O conteúdo do material voltou a chamar atenção para o entorno do caso Epstein e para as circunstâncias de sua morte sob custódia federal.
A existência da carta foi revelada inicialmente pela Associated Press, que teve acesso aos documentos oficiais recentemente tornados públicos. O texto aparece entre mais de 4 mil páginas mantidas pelo Bureau of Prisons, a agência federal responsável pelo sistema penitenciário norte-americano.
Na carta, supostamente assinada por Epstein, o autor faz referência direta a crimes sexuais de forma explícita. “Como você já deve saber, eu peguei o ‘caminho curto’ para casa”, diz o texto, em aparente alusão à morte do financista. Em seguida, a mensagem afirma: “Boa sorte! Nós compartilhamos uma coisa… nosso amor e cuidado por jovens moças e a esperança de que elas alcancem todo o seu potencial”.
O trecho mais sensível do documento envolve uma menção direta a Donald Trump, atual presidente dos Estados Unidos. Segundo a carta, “nosso presidente também compartilha nosso amor por jovens garotas, novas e atraentes. Quando uma jovem beleza passava, ele adorava ‘agarrar a genitália’, enquanto nós acabamos agarrando comida nos refeitórios do sistema”. O texto termina com a assinatura: “A vida é injusta. Atenciosamente, J. Epstein”.
Donald Trump, que já ocupava a Presidência à época em que a carta teria sido escrita, nega reiteradamente qualquer conhecimento ou envolvimento com os crimes de Epstein, assim como qualquer conduta ilegal relacionada ao caso.
De acordo com os registros oficiais, a carta foi postada em terça-feira (13), em agosto de 2019, três dias após Epstein morrer em uma cela federal, em um episódio classificado oficialmente como suicídio. O envelope foi localizado semanas depois na sala de correspondências da prisão, após ter sido devolvido de uma unidade prisional no Arizona com a indicação “não mora mais neste endereço”.
Um investigador relatou o achado em mensagem interna incluída nos documentos. “Parece que ele enviou a carta e ela foi devolvida para ele”, escreveu. “Não tenho certeza se devo abri-la ou entregá-la a alguém”.
Não há confirmação de que Epstein e Nassar mantivessem qualquer tipo de relação. Larry Nassar cumpre atualmente uma pena federal de 60 anos por crimes relacionados a imagens de abuso sexual infantil. Além disso, em 2018, foi condenado no estado de Michigan a uma sentença que varia de 40 a 175 anos após admitir sete acusações de conduta sexual criminosa.
Durante o julgamento, mais de 150 mulheres relataram abusos cometidos por Nassar, entre elas atletas de destaque como as campeãs olímpicas Aly Raisman e McKayla Maroney.
A divulgação da carta ocorre em meio à continuidade de questionamentos sobre a morte de Epstein. O irmão do financista, Mark Epstein, sustenta que ele foi assassinado na cela onde estava detido. Também há registros de que Epstein teria responsabilizado seu ex-amigo Donald Trump pela prisão ocorrida em 2019 por acusações de tráfico sexual, mais de uma década depois de ter recebido imunidade em um acordo judicial firmado em 2007, na Flórida, por solicitação de uma menor.
Em nota oficial sobre a liberação dos novos documentos, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos afirmou que parte do material contém alegações “não verdadeiras e sensacionalistas” contra o atual presidente. “Para deixar claro: as alegações são infundadas e falsas e, se tivessem qualquer credibilidade, já teriam sido usadas contra o presidente Trump”, declarou o órgão. Ainda assim, segundo o comunicado, os arquivos foram divulgados “em compromisso com a lei e a transparência”, com as devidas proteções legais às vítimas de Epstein.


