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Secretário de Defesa dos EUA compartilha vídeo de pastores defendendo que mulheres não votem

No vídeo, o pastor Toby Sumpter declara considerar ideal o voto familiar conduzido pelo homem provedor

Secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth 11/06/2025 (Foto: REUTERS/Elizabeth Frantz)

247 - O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, publicou em suas redes sociais um vídeo no qual pastores cristãos defendem que mulheres não deveriam ter direito ao voto. Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, o material reproduz trecho de uma entrevista concedida à CNN pelo teólogo conservador Doug Wilson, figura influente no movimento evangélico reformado norte-americano e crítico da presença feminina em posições de liderança.

No vídeo, o pastor Toby Sumpter declara considerar ideal o voto familiar conduzido pelo homem provedor: "Normalmente, eu seria o único a votar, mas votaria depois de discutir o assunto com minha família". Uma mulher ligada ao mesmo grupo reforça o posicionamento, afirmando ser submissa ao marido e apoiar que ele seja o responsável pelo voto da família.

Doug Wilson, cofundador da Comunhão das Igrejas Evangélicas Reformadas (CREC, na sigla em inglês), também aparece reafirmando sua recusa em permitir que mulheres ocupem funções de gestão em sua igreja: "A bíblia diz assim", justificou. O pastor já teve participações canceladas em eventos no Brasil, como a Consciência Cristã de 2024, após críticas por declarações polêmicas, entre elas a defesa da escravidão em um de seus livros e acusações de acobertar casos de violência sexual e doméstica em sua congregação.

Ao compartilhar o vídeo na última quinta-feira (7), Hegseth escreveu a frase "Tudo de Cristo para toda a vida". Porta-voz do Pentágono afirmou que o secretário “é um membro orgulhoso de uma igreja afiliada ao CREC” e que “aprecia muito” os escritos de Wilson. O chefe da Defesa já participou, junto à família, da inauguração da igreja liderada pelo teólogo em Washington, segundo a CNN.

A publicação gerou reação de organizações evangélicas progressistas. Doug Pagitt, pastor e diretor do grupo Vote Common Good, disse à Associated Press que tais ideias representam visões de “pequenos grupos de cristãos” e classificou como “muito perturbador” o fato de Hegseth amplificá-las.

A manifestação ocorre em meio a esforços do governo Trump para promover o chamado nacionalismo cristão. No início do mandato, o presidente criou um “gabinete da fé” com a missão de investigar suposto “preconceito anticristão” em agências federais. Alinhado à agenda do chefe do Executivo, Hegseth também convidou seu pastor pessoal, Brooks Potteiger, para conduzir cultos cristãos no Pentágono durante o expediente, com convites enviados a servidores e militares.

Durante a entrevista à CNN, Wilson reiterou sua visão de expansão global da fé que professa: "Gostaria de ver a nação ser uma nação cristã e gostaria de ver o mundo ser um mundo cristão".

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