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      Rússia tenta manter presença militar na Síria: “Temos relações com o povo sírio”

      Moscou negocia permanência de bases e perde controle sobre porto de Tartus para empresa dos Emirados Árabes

      Um soldado russo viaja em um veículo de combate de infantaria, parte de um comboio militar russo em direção à base aérea de Hmeimim em Latakia, na costa da Síria, em 14 de dezembro de 2024 (Foto: REUTERS/Umit Bektas)
      Luis Mauro Filho avatar
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      247 - A Rússia está em diálogo com as novas autoridades sírias para garantir a continuidade de sua presença militar no país, especialmente no porto estratégico de Tartus, segundo declarou o vice-ministro das Relações Exteriores russo, Sergey Vershinin, à agência estatal RIA Novosti. A entrevista foi publicada na segunda-feira (14), em meio às transformações políticas provocadas pela saída de Bashar al-Assad do poder no fim de 2024.

      Vershinin ressaltou que os contatos entre Moscou e Damasco continuam ativos e que a relação histórica entre os dois países é centrada no povo sírio. “Posso confirmar que nossos contatos com Damasco sobre todos os assuntos estão de fato em andamento. Temos tradicionalmente relações amistosas e duradouras com o povo sírio. Enfatizo ‘com o povo sírio’, porque não há necessidade de falar sobre regimes neste caso”, afirmou o diplomata. “Estamos mantendo esses contatos para encontrar uma solução que atenda aos interesses da Rússia, de Damasco e da estabilidade regional.”

      Nova liderança síria revê acordos, mas sinaliza continuidade estratégica

      A queda de Assad, anunciada após a tomada da capital por forças armadas em 8 de dezembro de 2024, abriu caminho para uma nova configuração política no país. Ahmad al-Sharaa, líder das forças insurgentes, de raízes jihadistas, foi nomeado presidente de transição em janeiro e um novo gabinete assumiu em março. 

      Embora tenha declarado à emissora saudita Al Arabiya que a Rússia “é o segundo Estado mais poderoso do mundo” e que a Síria mantém com ela “interesses estratégicos”, o novo governo tem promovido mudanças significativas nos acordos bilaterais.

      “Não queremos que a presença russa termine de maneira que seja inconsistente com a nossa relação de longa data”, afirmou al-Sharaa em dezembro, durante uma entrevista à emissora estatal da Arábia Saudita.

      Rússia perde espaço para investimento do Golfo em Tartus

      Apesar do discurso de continuidade estratégica, a nova administração síria encerrou o contrato com a empresa russa que administrava o porto de Tartus, base naval fundamental para Moscou no Mediterrâneo e sua única instalação militar do tipo na região. Em seu lugar, foi firmado um memorando de entendimento com a multinacional Dubai Ports World (DP World), dos Emirados Árabes Unidos, no valor de US$ 800 milhões. O projeto prevê a modernização do porto e o fortalecimento da infraestrutura logística do país.

      O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, chegou a confirmar em fevereiro que o governo russo buscava formalizar o uso continuado da base em Tartus com as novas autoridades sírias. No entanto, a substituição da empresa russa por uma operadora do Golfo evidencia a perda de espaço de Moscou para outros atores regionais em meio à reconfiguração pós-Assad.

      Putin reafirma apoio, mas cenário se torna mais incerto

      Em janeiro, o presidente Vladimir Putin reiterou o apoio da Rússia ao povo sírio e destacou a importância de preservar os laços estratégicos, mesmo diante das transformações políticas em curso. A movimentação diplomática e militar russa indica uma tentativa de se adaptar ao novo cenário sem abrir mão de sua projeção de poder no Oriente Médio, embora os sinais do novo governo sírio apontem para uma diversificação das alianças econômicas e políticas.

      (Com informações do portal Al Mayadeen)

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