Roubo no Louvre foi realizado por 'amadores', diz promotoria de Paris
Quatro suspeitos foram indiciados preliminarmente e detidos
247 - O espetacular roubo das joias históricas avaliadas em US$ 102 milhões (cerca de R$ 548 milhões) no Museu do Louvre, em Paris, no mês passado, não foi uma operação coordenada pelo crime organizado, mas sim por criminosos comuns, segundo afirmou neste domingo (2) a promotoria de Paris. As informações são do g1.
O assalto, ocorrido em 19 de outubro, durou menos de sete minutos. Dois homens estacionaram um veículo nas proximidades do museu, subiram uma escada até o segundo andar, quebraram uma janela e arrombaram vitrines com esmerilhadeiras antes de fugir em scooters. O alvo foi uma exposição de joias do século XIX, entre elas a coroa da imperatriz francesa Eugênia, peça feita em ouro, diamantes e esmeraldas.
A promotora Laure Beccuau declarou à rádio Franceinfo que os suspeitos não têm perfil de profissionais ligados ao crime organizado. “Não se trata exatamente de delinquência cotidiana, mas é um tipo de delinquência que geralmente não associamos aos escalões superiores do crime organizado”, afirmou. Segundo ela, “são claramente pessoas da região. Todos vivem mais ou menos em Seine-Saint-Denis”, área de baixa renda ao norte de Paris.
Até o momento, quatro pessoas foram indiciadas e presas, entre elas três suspeitos de participação direta no assalto e uma mulher, namorada de um dos acusados. Todos respondem por furto em quadrilha e conspiração criminosa. As autoridades acreditam que o organizador do crime ainda esteja foragido, conforme informou o ministro do Interior francês, Laurent Núñez, ao jornal Le Parisien.
A imprensa francesa tem apontado que o grupo atuou de forma amadora, o que reforça a tese de que não se tratava de criminosos especializados. Durante a fuga, os assaltantes derrubaram a coroa da imperatriz Eugênia, considerada a joia mais valiosa do acervo, abandonaram ferramentas, luvas e outros objetos no local e falharam ao tentar incendiar o caminhão usado na ação.
Uma semana após o crime, a polícia prendeu dois homens suspeitos de invadir o museu. Um deles, argelino de 34 anos, foi detido ao tentar embarcar em um voo para seu país natal. O outro, francês de 39 anos, já estava sob supervisão judicial por furto qualificado. Ambos moravam em Aubervilliers, no norte da capital, e “admitiram parcialmente” o envolvimento, segundo Beccuau.
No dia 29 de outubro, outros dois suspeitos — um homem de 37 anos e uma mulher de 38 — foram presos e acusados formalmente dois dias depois. De acordo com a promotoria, vestígios de DNA do homem foram encontrados no caminhão de mudanças usado no roubo. Ele possui 11 condenações anteriores, incluindo furtos e tentativas de arrombamento de caixa eletrônico. A mulher, mãe de seus filhos, também teve resquícios genéticos localizados no veículo, embora Beccuau ressalte que “eles parecem ter sido transferidos involuntariamente para o veículo, possivelmente por uma pessoa ou objeto”.
Enquanto as investigações seguem para identificar o último suspeito foragido, o caso — um dos maiores roubos de arte da Europa nos últimos anos — expõe falhas na segurança do principal museu do mundo e revela como um grupo sem experiência conseguiu violar um dos espaços mais protegidos da França.


