Putin e Trump ainda são dúvida em negociações propostas pela Rússia sobre conflito na Ucrânia
Encontro em Istambul seria o primeiro diálogo direto entre os líderes desde 2019, mas participação dos dois segue incerta
MOSCOU, 14 de maio (Reuters) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e seu homólogo russo, Vladimir Putin, ainda não confirmaram presença nas negociações diretas com a Ucrânia, que poderiam marcar o primeiro encontro do tipo entre Moscou e Kiev em anos. A indefinição ocorre porque o Kremlin não anunciou quem representará a Rússia nas conversas.
No último domingo, Putin propôs um encontro com representantes ucranianos em Istambul, previsto para esta quinta-feira (15), "sem pré-condições". Entretanto, ele não esclareceu quem integraria a delegação russa, e seu porta-voz também não forneceu mais detalhes nesta quarta-feira.
Trump, no início desta semana, havia incentivado a Ucrânia a participar das negociações. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, respondeu rapidamente, afirmando que iria, desde que Putin também comparecesse, criando assim um impasse diplomático para demonstrar a Trump quem realmente deseja a paz.
Nesta quarta-feira, Trump disse ainda estar considerando sua ida à Turquia, mas destacou não saber se Putin participaria do encontro. Zelenskiy havia desafiado o líder russo a comparecer "se ele não tiver medo".
"(Putin) gostaria que eu estivesse lá, e essa é uma possibilidade... Não sei se ele iria caso eu não vá. Vamos descobrir isso", afirmou Trump a jornalistas a bordo do Air Force One, durante viagem ao Catar.
Trump deseja que ambos os lados concordem com um cessar-fogo de 30 dias, em meio ao maior conflito terrestre na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Um parlamentar russo sugeriu nesta quarta-feira que também poderiam ocorrer negociações sobre uma grande troca de prisioneiros.
Zelenskiy apoia um cessar-fogo imediato de 30 dias, enquanto Putin prefere iniciar conversas nas quais os detalhes dessa suspensão das hostilidades possam ser discutidos previamente.
Possíveis novas sanções contra Moscou
Trump, cada vez mais frustrado com as posições tanto da Rússia quanto da Ucrânia, afirmou que "sempre considera" aplicar sanções adicionais a Moscou caso entenda que o país esteja dificultando as negociações. Autoridades americanas já discutiram possíveis sanções financeiras e restrições secundárias a compradores de petróleo russo.
Uma fonte diplomática ucraniana informou à Reuters que Kiev decidirá sobre os próximos passos em relação às conversas em Istambul somente após confirmação sobre a participação de Putin.
"Tudo dependerá se Putin tiver coragem ou medo de vir a Istambul. A partir dessa resposta, a liderança ucraniana definirá seus próximos passos", disse a fonte.
Caso Putin aceite participar, seria o primeiro encontro entre os líderes das duas nações desde dezembro de 2019. As últimas conversas diretas entre negociadores russos e ucranianos ocorreram em Istambul em março de 2022, pouco após o início da ofensiva militar russa.
Relatos não confirmados de veículos de imprensa russos e norte-americanos haviam sugerido que o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, e o assessor de política externa de Putin, Yuri Ushakov, poderiam estar presentes para conversar com representantes ucranianos.
Porém, o jornal russo Kommersant, conhecido por suas fontes próximas ao Kremlin e ao Ministério das Relações Exteriores, informou nesta quarta-feira à noite que Lavrov não comparecerá ao encontro.
Questionado anteriormente sobre a composição da delegação russa, o porta-voz Dmitry Peskov declarou: "Informaremos quando recebermos a instrução do presidente". Ele completou afirmando que "a delegação russa estará aguardando os representantes ucranianos em Istambul no dia 15 de maio".
Trump anunciou que enviará o secretário de Estado, Marco Rubio, e os enviados especiais Steve Witkoff e Keith Kellogg para a Turquia, além de oferecer sua própria participação.
Reportagem original por Dmitry Antonov em Moscou, com contribuições adicionais de Tom Balmforth, Doina Chiacu e Susan Heavey em Washington. Texto original de Andrew Osborn e Lucy Papachristou. Edição por Gareth Jones.
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