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Porto italiano bloqueia contêineres com armas para Israel enquanto aumentam protestos em solidariedade à Faixa de Gaza

Ações semelhantes para impedir o envio de armas para Israel foram tomadas por trabalhadores portuários em outros países europeus

Pessoas seguram bandeiras da Palestina em frente ao Coliseu, em Roma, durante uma manifestação em apoio aos palestinos em Gaza (Foto: Yara Nardi/Reuters)

ROMA (Reuters) - O porto italiano de Ravenna, no Adriático, recusou nesta quinta-feira a entrada de dois caminhões que supostamente estariam transportando armas para Israel, no momento em que aumentam os protestos dos trabalhadores portuários italianos e de outros grupos trabalhistas contra a ofensiva em Gaza.

O prefeito de centro-esquerda de Ravenna, Alessandro Barattoni, declarou a jornalistas que a autoridade portuária agiu a pedido dele e do governo regional para que negasse o acesso aos caminhões que transportavam explosivos a caminho do porto israelense de Haifa.

"O Estado italiano diz que bloqueou a venda de armas para Israel, mas é inaceitável que, graças a brechas burocráticas, elas possam passar pela Itália vindas de outros países", disse Barattoni em um comunicado.

Ele não deu detalhes sobre a origem dos contêineres ou provas de seu conteúdo.

Ações semelhantes para impedir o envio de armas para Israel foram tomadas por trabalhadores portuários em outros países europeus, como França, Suécia e Grécia.

A decisão de Ravenna reflete a crescente mobilização na Itália contra o ataque de Israel e em apoio a uma flotilha internacional que tenta levar ajuda humanitária aos palestinos.

Um porta-voz da embaixada israelense em Roma disse que não tinha informações suficientemente detalhadas sobre o caso e, portanto, preferiu não comentar.

O governo de Israel já acusou nações europeias de serem tendenciosas e de engolir a propaganda do Hamas, grupo militante contra o qual luta em Gaza.

Na sexta-feira, a maior entidade sindical da Itália, a CGIL, realizará uma greve nacional de meio dia e marchas em Roma e outras cidades, enquanto em 22 de setembro dois outros sindicatos vão paralisar o trabalho e tentar bloquear as atividades nos grandes portos de Gênova e Livorno.

"Não deixaremos passar um único pino pelo porto", disse Riccardo Rudino, do sindicato dos portuários Calp, em Gênova.

A atual campanha militar de Israel em Gaza já matou mais de 65.000 pessoas, a maioria civis, de acordo com as autoridades de saúde de Gaza, e deixou o enclave em ruínas.

O governo israelense lançou a ofensiva depois que militantes liderados pelo Hamas atacaram o sul de Israel em 7 de outubro de 2023, matando mais de 1.200 pessoas e fazendo 251 reféns, segundo cálculos israelenses.

A CGIL disse que seus protestos têm o objetivo de gerar pressão sobre o governo da primeira-ministra Giorgia Meloni "para suspender todos os acordos de cooperação comercial e militar com Israel, suspender o embargo humanitário e reconhecer o Estado da Palestina".

O ministro das Relações Exteriores, Antonio Tajani, disse nesta quinta-feira que a Itália deve apoiar as sanções da UE contra os violentos colonos israelenses e os ministros israelenses que fizeram comentários "inaceitáveis" sobre Gaza e a Cisjordânia, e que o país está aberto a considerar sanções comerciais.

(Reportagem de Anna Uras)

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