Pedro Sánchez defende acordo UE-Mercosul como resposta à “guerra comercial” de Trump

247 - Em visita oficial ao Uruguai nesta terça-feira (22), o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, reiterou a urgência de concluir o acordo entre a União Europeia e o Mercosul, destacando que o tratado deve ser compreendido como uma resposta contundente à escalada da “guerra comercial” global. A declaração foi feita ao lado do presidente uruguaio, Yamandú Orsi, com quem Sánchez assinou novos acordos de cooperação bilateral. 

"Voltamos a compartilhar a necessidade imperiosa, eu diria máxima, de culminar o acordo da União Europeia-Mercosul que pode ser fechado e entrar em vigor o quanto antes", afirmou Sánchez durante coletiva na sede da presidência uruguaia, em Montevidéu.

A fala do premiê espanhol ocorre em meio à intensificação de medidas protecionistas por parte do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que recentemente fixou tarifas de 30% sobre produtos europeus. Sánchez, que no dia anterior esteve no Chile participando de um encontro de líderes de esquerda, voltou a usar o tema como contraponto ao isolacionismo.

Resposta à onda protecionista

Sánchez alertou para os riscos do atual cenário internacional, mencionando “um momento de ensimesmamento, de confrontação, de guerra comercial” promovido por “outras administrações”. Segundo ele, o acordo com o Mercosul envia uma mensagem clara de abertura e cooperação global. “Trabalharei para persuadir os governos europeus que ainda tenham dúvidas”, garantiu.

A proposta, segundo o premiê, é também uma ferramenta estratégica de proteção econômica. Ao se dirigir a empresários, Sánchez classificou o pacto comercial como “a melhor maneira de nos protegermos” diante das investidas tarifárias do governo norte-americano.

Acordo arrastado há décadas

O tratado entre os dois blocos está em fase final de análise após mais de 25 anos de negociações. Caso seja implementado, permitirá que a União Europeia amplie suas exportações de automóveis e maquinário para o Mercosul, enquanto os países sul-americanos teriam maior facilidade para vender matérias-primas ao bloco europeu.

Sánchez afirmou apoiar as conversas entre Bruxelas e Washington para tentar superar as divergências comerciais, mas foi enfático ao defender medidas de reciprocidade caso não haja avanço.

Homenagem no Uruguai

Encerrando sua agenda no Uruguai, Pedro Sánchez visitará ainda nesta tarde a fazenda onde faleceu o ex-presidente José “Pepe” Mujica, em Montevidéu. Ele será recebido por Lucía Topolansky, ex-vice-presidente do país e viúva de Mujica, que morreu em maio deste ano. A etapa seguinte da viagem do chefe de governo espanhol será Assunção, no Paraguai.

(Com informações da Folha de S. Paulo)