Passageira acusa TAP após tentativa de estupro em quarto de hotel compartilhado
Uma brasileira de 30 anos entrou com ação judicial contra a TAP Air Portugal
247 - Uma brasileira de 30 anos entrou com ação judicial contra a TAP Air Portugal após relatar ter sofrido uma tentativa de estupro em um hotel oferecido pela companhia. O caso ocorreu depois do cancelamento de um voo de Paris para Lisboa, em 31 de maio. As informações foram publicadas pelo UOL.
Segundo a passageira, após sucessivos atrasos, o voo foi cancelado já com os passageiros dentro da aeronave. A empresa ofereceu vouchers de hospedagem, mas informou que não havia quartos individuais suficientes. “Na pressão do momento, todo mundo aceitou, ainda que estivessem indignados. E eu acabei caindo em um quarto com um homem brasileiro, que em um primeiro momento parecia amigável, e uma outra passageira alemã”, contou.
A tentativa de abuso
De acordo com a brasileira, a alemã que dividia o quarto decidiu retornar ao aeroporto durante a madrugada, deixando um bilhete de despedida. Pouco depois, ela acordou com o homem em cima dela. “Acordei por volta das 5h da manhã com ele em cima de mim, sem roupa, me beijando. Foi um susto. Demorei para entender o que estava acontecendo. Gritei e ele saiu do quarto. Corri para o banheiro e fiquei ali dentro um tempo”, relatou.
Ela disse ter enviado um e-mail imediato à TAP e pediu para alterar seu voo, de modo a não reencontrar o passageiro. Em Lisboa, formalizou a denúncia por meio de queixa online. “Só queria achar uma cama segura para dormir e chorar”, afirmou.
Processo no Brasil
A advogada Nathalia Magalhães, especialista em direitos do passageiro, afirmou que a prática da TAP foi irregular. “Tenho processos em 20 estados brasileiros e eu nunca tinha visto nada igual. Abrimos um processo contra a TAP buscando danos morais (...) Entendemos que a companhia assume o risco quando faz isso. Não estamos imputando o que aconteceu, mas apontando o risco”, disse.
Segundo a defesa, a TAP tratou o episódio como um simples cancelamento de voo e ofereceu R$ 5 mil em plataforma de negociação. “Não deram relevância ao que foi narrado. Isso chateou muito. A audiência também foi feita de forma impessoal”, completou Magalhães.
Decisão de tornar público
A passageira contou que inicialmente não queria expor a situação, mas mudou de ideia diante da forma como o caso foi tratado. “Só queria ser ouvida, que o caso fosse investigado e que eles revisassem os processos internos (...) Me senti completamente envergonhada, ingênua, porque não enxerguei maldade na situação. Senti culpa. (...) Fiquei muito chateada, me senti duplamente desrespeitada”, afirmou.
O que diz a TAP
Em nota, a companhia declarou que não é prática da empresa acomodar passageiros desconhecidos no mesmo quarto, a não ser em reservas conjuntas ou quando há consentimento expresso. Afirmou ainda que, em situações de indisponibilidade, passageiros podem providenciar hospedagem própria e pedir reembolso.
A empresa destacou que aguarda a conclusão das investigações pelas autoridades francesas para avaliar medidas adicionais. “O contato estabelecido pela Companhia com a passageira, bem como a proposta apresentada, refere-se exclusivamente às questões de natureza cível decorrentes do cancelamento do voo TP439, objeto da ação judicial em trâmite no Brasil”, concluiu.