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Partidos da Groenlândia reagem a pressão de Trump e anunciam ampla coalizão governamental

O acordo inclui partidos de diferentes espectros políticos, sinalizando uma rara união em resposta às tensões geopolíticas na região ártica

Políticos da Groenlândia, duas bandeiras da região, Donald Trump (esq. no quadrado) e a bandeira dos EUA (Foto: Reprodução (Reuters) I Reuters)

247 - Os principais partidos políticos da Groenlândia anunciaram nesta sexta-feira (28) a formação de uma ampla coalizão governamental, em meio a crescentes pressões diplomáticas e econômicas dos Estados Unidos, sob a administração do ex-presidente Donald Trump. O acordo inclui partidos de diferentes espectros políticos, sinalizando uma rara união em resposta às tensões geopolíticas na região ártica.

Banhada pelo Oceano Atlântico e pelo Glacial Ártico, a Groenlândia foi uma colônia da Dinamarca até 1953. Ela continua fazendo parte do reino dinamarquês, mas recebeu autonomia em 2009, com governo próprio e escolha independente na política interna.

O interesse de Trump tem um motivo:existem grandes depósitos das chamadas terras raras, como o neodymium e o praseodymium, usados na fabricação de motores de veículos elétricos e de turbinas eólicas.

A coalizão, liderada pelo partido de esquerda Inuit Ataqatigiit (IA) e pelo centrista Siumut, visa fortalecer a autonomia da Groenlândia, território autônomo dinamarquês, enquanto enfrenta pressões sobre seus recursos naturais e posição estratégica. Fontes locais indicam que o governo busca consolidar uma posição unificada diante do interesse dos EUA em investimentos e possíveis acordos de defesa.

Em 2019, Trump causou polêmica ao sugerir a compra da Groenlândia, proposta rejeitada categoricamente pela Dinamarca. Agora, com sua possível volta à presidência em 2025, relatos indicam que assessores do republicano retomaram contatos informais com autoridades groenlandesas sobre cooperação econômica e militar.

"Esta coalizão reflete a necessidade de proteger nossos interesses nacionais diante de pressões externas", declarou Múte Bourup Egede, líder do IA e atual primeiro-ministro. A nova aliança também inclui o Partido Naleraq, de orientação independentista, e o Demokraatit, de centro-direita.

Analistas veem o movimento como uma tentativa de evitar divisões internas que poderiam ser exploradas por potências estrangeiras, especialmente em um momento de aumento da competição global pelo Ártico, onde a Groenlândia detém reservas de minerais raros e rotas comerciais estratégicas.

A Dinamarca, responsável pela política externa e de defesa da Groenlândia, afirmou "respeitar a decisão democrática" do território, mas reiterou seu compromisso com a soberania compartilhada. Enquanto isso, o governo groenlandês prometeu priorizar o desenvolvimento sustentável e os direitos das comunidades locais (com Reuters).

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