Chefe da Otan diz que Brasil precisa pressionar Rússia por acordo de paz na Ucrânia e alerta para a guerra comercial de Trump
O presidente americano também pode taxar países que mantêm relação comercial com o governo russo caso não haja solução para o conflito na Europa
247 - O secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, afirmou esperar que o Brasil, junto com Índia e China, faça pressão sobre a Rússia para um acordo de paz devido à guerra na Ucrânia. O dirigente fez o comentário após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmar que pode impor tarifas de 100% contra o governo russo caso não haja uma solução para o conflito no território ucraniano nos próximos 50 dias. O político norte-americano também confirmou a possível taxação contra países que mantêm relação comercial com a Rússia, o que prejudicaria ainda mais a economia global.
"Isso é significativo”, disse Rutte à Fox News. “Se você está em Pequim, em Delhi ou no Brasil, e sabe que isso está chegando até você, pode querer ligar para [o presidente russo] Vladimir Vladimirovich Putin e dizer: 'Ei, amigo, ainda estamos comprando coisas de você, mas você precisa levar a sério essas negociações sobre o cessar-fogo ou um acordo de paz, caso contrário, seremos atingidos pelas sanções secundárias’".
Em 1º de julho, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse à Sputnik que os termos das negociações estavam sendo coordenados. Em seguida, o assessor do Kremlin, Yuri Ushakov, declarou que Moscou está pronta para a terceira rodada de negociações com o governo ucraniano. A Rússia é contra a entrada da Ucrânia na OTAN. A Organização do Tratado do Atlântico Norte é liderada pelos EUA.
Além da hipótese de taxação contra o governo russo, o presidente Donald Trump anunciou tarifas de 50% sobre as exportações brasileiras na última quarta-feira (9). Em carta endereçada ao presidente Lula (PT), o chefe da Casa Branca citou o processo judicial contra Jair Bolsonaro (PL) no inquérito da trama golpista como uma das justificativas do tarifaço.
BRICS
Outro motivo (não mencionado) no documento para a guerra comercial lançada por Trump contra o Brasil é a expansão do BRICS, um grupo que discute medidas como a criação de um sistema de pagamento próprio, o que reduziria a dependência do dólar nas transações internacionais.
O Brasil assume a presidência do BRICS em 2025, sob o lema "Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável". A atuação brasileira no bloco concentrar-se-á em duas prioridades principais: a Cooperação do Sul Global e as Parcerias BRICS para o Desenvolvimento Social, Econômico e Ambiental.
Além do Brasil, o grupo é formado por Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos (EAU), Egito, Etiópia, Indonésia e Irã. Em 2023, o BRICS passou a representar cerca de 39% do PIB mundial (em paridade de poder de compra, a preços correntes).
Segundo dados da ComexVis, os países do BRICS respondem por 24% do comércio internacional. Territorialmente, o grupo abrange 36% da superfície do planeta e detém recursos estratégicos em escala global: 72% das reservas mundiais de minerais de terras raras, 43,6% da produção de petróleo (conforme a Agência Internacional de Energia), 36% do gás natural e 78,2% do carvão mineral.
A cooperação no BRICS estrutura-se em três pilares fundamentais:
- Política e Segurança
- Economia e Finanças
- Intercâmbio Cultural e da Sociedade Civil
Esses eixos reforçam a influência do bloco na governança global, promovendo uma agenda multilateral e inclusiva.
Comércio Brasil-Rússia
O governo Lula informou, no mês de maio, que o comércio bilateral entre Brasil e Rússia alcançou um marco histórico em 2024, registrando US$ 12,4 bilhões em transações – um crescimento de 9% em relação ao ano anterior.
As exportações brasileiras somaram US$ 1,4 bilhão (alta de 8%), enquanto as importações chegaram a US$ 11 bilhões (aumento de 9%).
Na pauta de exportações do Brasil para a Rússia, destacam-se:
- Soja (33%)
- Café não torrado (18%)
- Carne bovina (18%)
Já as importações brasileiras concentram-se em:
- Óleos combustíveis de petróleo ou minerais betuminosos (57%)
- Adubos e fertilizantes químicos (34%)
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