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O sonho dos "táxis aéreos" começa a decolar na cidade de Xangai

Com apoio do governo e liderança tecnológica, Xangai testa aeronaves elétricas de decolagem vertical que prometem revolucionar o transporte urbano

Táxi aéreo E20, em Xangai (Foto: Xinhua)
Redação Brasil 247 avatar
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247 – Se Xangai pudesse falar, ela contaria histórias de transformações extraordinárias — e talvez nenhuma tão futurista quanto o surgimento dos chamados “táxis aéreos”. A cidade, que é um dos principais polos econômicos e tecnológicos da China, acaba de apresentar uma de suas apostas mais ambiciosas para a mobilidade urbana: a aeronave elétrica de decolagem e pouso vertical E20, da empresa TCab Technology. A reportagem é da agência Xinhua, assinada por Li Yilin.

O E20, com seu design aerodinâmico e coloração branco-prateada, ocupa quase todo o salão de demonstrações da TCab, localizada no distrito de Minhang, em Xangai — uma área conhecida por incubar avanços de ponta na ciência e na tecnologia. “Este é o futuro do transporte urbano”, afirmou com entusiasmo Xu An, vice-presidente e diretora de marca da empresa, enquanto convidava a repórter a se sentar no cockpit da aeronave. Segundo Xu, o E20 poderá reduzir um trajeto de 40 minutos de carro a menos de 20 minutos pelo ar, com mais conforto e eficiência.

Fundada em 2021, a TCab surgiu no momento em que a chamada “economia de baixa altitude” começava a ganhar força na China. A empresa — cujo nome em chinês significa “táxi do tempo” — desenvolveu o E20 com a proposta de criar um ecossistema de mobilidade aérea urbano, sustentável e digital. A aeronave comporta cinco pessoas, alcança velocidades de até 320 km/h, tem autonomia de 200 km e cobra em média quatro yuans por quilômetro por passageiro — valor similar ao de um táxi premium, mas cinco vezes mais rápido.

O avanço foi rápido: o primeiro voo do protótipo ocorreu em 2023, e a certificação de aeronavegabilidade é esperada para 2027. A TCab já começou a construção de sua linha de montagem na província de Anhui, com conclusão prevista para 2026. O plano é produzir 200 unidades por ano e já há 500 pedidos formalizados, tanto na China quanto no exterior.

O responsável por essa façanha é Yon Wui NG, engenheiro malaio-chinês e ex-diretor da Airbus na China, que hoje atua como CEO da TCab. “Como profissional da aviação, nunca imaginei que esta indústria veria tamanha transformação”, afirmou Yon, ressaltando que transformar o sonho de uma mobilidade tridimensional em realidade era uma ambição de infância. Ele destaca a vantagem comparativa chinesa: “A liderança da China em baterias de veículos elétricos, algoritmos de drones e a cadeia de suprimentos estruturada pelo projeto do avião C919 nos dá vantagem competitiva.”

Além do motor econômico, Yon atribui boa parte do sucesso ao apoio do governo. A criação da Shanghai Low-altitude Economic Industry Development Co., Ltd., no final de 2024, estruturou investimentos públicos e privados para desenvolver infraestrutura e regulamentações. “A vantagem de sair na frente nos permite espaço para inovação e melhoria contínua antes de colocarmos o produto no mercado”, explicou o CEO.

O E20 também inova no sistema de propulsão. Diferente dos modelos multirotores convencionais, ele adota um mecanismo de rotores basculantes, que alternam entre o voo vertical e o voo de propulsão. Isso reduz significativamente o consumo de energia e os níveis de ruído. “O design otimiza a eficiência energética e torna a aeronave mais silenciosa e acessível”, detalhou Yon.

Questionado sobre a acessibilidade do táxi aéreo, Yon argumentou que o objetivo da empresa é massificar a tecnologia. A ideia é ampliar a capacidade para até 20 passageiros e reduzir ainda mais o custo por quilômetro. A estratégia de comercialização também será escalonada: primeiro para fins turísticos e panorâmicos na região do Delta do Yangtzé, depois para rotas intermunicipais e, por fim, para deslocamentos rápidos intraurbanos.

A TCab também projeta expansão internacional, com escritórios já abertos na Malásia e em Singapura, além de planos de atuação no Oriente Médio. “Já me imaginei muitas vezes vendo pessoas viajando para as ilhas da Malásia a bordo do nosso E20”, comentou Yon. Ele se vê como um elo entre a China e seu país natal, levando uma inovação de ponta ao mundo.

No encerramento da entrevista, Yon foi convidado a escrever duas cartas fictícias para si mesmo: uma de dez anos atrás, outra para daqui a dez anos. Ele respondeu: “Para o meu eu do passado: mantenha-se firme em sua crença. Para o meu eu do futuro: não se esqueça de sua aspiração original.”

Com o E20 e sua promessa de tornar realidade o transporte aéreo urbano de forma acessível, silenciosa e sustentável, Xangai não apenas fala — ela voa rumo ao futuro.

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