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O que se sabe dos novos e-mails que ligam Trump aos crimes de Epstein

Mensagens recém-divulgadas sugerem que o atual presidente dos EUA poderia ter tido ciência prévia da conduta de Jeffrey Epstein

Um e-mail recentemente divulgado do falecido financista e criminoso sexual Jeffrey Epstein, mencionando sua ex-companheira Ghislaine Maxwell e o presidente dos EUA, Donald Trump, é mostrado nesta imagem divulgada pelos democratas do Comitê de Supervisão da Câmara em Washington, DC, EUA - 12/11/2025 (Foto: Divulgação/Comitê Democrata de Fiscalização do Congresso dos EUA)

247 - Os e-mails de Jeffrey Epstein divulgados na quarta-feira (12) por parlamentares democratas da Câmara dos Deputados dos EUA voltaram a expor possíveis conexões sensíveis entre o financista e o atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. As mensagens, tornadas públicas em meio à disputa política no Comitê de Supervisão da Câmara, contêm referências diretas ao presidente e levantam a hipótese de que ele soubesse mais sobre o comportamento de Epstein do que admitiu até hoje.

De acordo com a apuração original do The New York Times, os democratas destacaram três trocas de e-mails que, segundo eles, indicariam conhecimento prévio de Trump sobre episódios envolvendo vítimas do esquema comandado por Epstein. Republicanos, porém, reagiram dizendo que o material revela “pouco ou nada”, enquanto a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, classificou o conteúdo como uma “clara distração”.

2011: e-mail menciona vítima que teria encontrado Trump

Uma mensagem enviada por Epstein a Ghislaine Maxwell em sábado (2) de abril de 2011 chamou atenção dos investigadores. Nela, Epstein insistia que uma vítima havia passado horas em sua casa na presença de Trump, sem jamais ter sido mencionada publicamente. O financista escreveu: “Quero que você perceba que aquele cachorro que não latiu é o Trump… A VÍTIMA passou horas na minha casa com ele, nunca foi mencionada”.

Naquele momento, Epstein tentava retomar sua vida social após problemas judiciais e monitorava de perto reportagens negativas. Trump, por sua vez, vivia o auge do sucesso como apresentador de “The Apprentice” e falava abertamente sobre uma possível candidatura presidencial.

Republicanos afirmam que a vítima citada seria Virginia Roberts Giuffre, que havia tornado públicas, em 2011, suas denúncias contra Epstein, incluindo a célebre foto com o príncipe Andrew e Maxwell. Em 2016, ao ser questionada em um processo civil sobre Trump, Giuffre declarou: “Não acho que Donald Trump tenha participado de nada”.

2015: conversas com Michael Wolff sobre possível pergunta na TV

Outro conjunto de e-mails, de quarta-feira (16) de dezembro de 2015, mostra Epstein conversando com o jornalista Michael Wolff sobre o risco de Trump ser questionado pela imprensa durante a campanha presidencial. Wolff escreveu: “Acho que você deveria deixá-lo se enforcar. Se ele disser que não esteve no avião ou na casa, isso lhe dá moeda política valiosa”.

Epstein perguntou: “Se pudéssemos elaborar uma resposta para ele, qual você acha que deveria ser?”. À época, o atual presidente dos Estados Unidos participava de debates acalorados, mas, naquele dia terça-feira (15), não foi questionado sobre Epstein, conforme consta nos registros do encontro.

2019: “Claro que ele sabia sobre as meninas”, escreveu Epstein

O e-mail mais recente, de quinta-feira (31) de janeiro de 2019, traz uma afirmação direta do financista. Epstein escreveu a Wolff: “Claro que ele sabia sobre as meninas, já que pediu à Ghislaine para parar”. Nesse período, Trump já estava na Casa Branca, e Epstein voltava ao noticiário após o Miami Herald revelar os termos brandos de seu antigo acordo judicial — investigação que logo envolveria Alexander Acosta, então secretário do Trabalho do governo Trump.

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