"O mundo não aceita uma nova Guerra Fria e estaremos do lado dos Estados Unidos e da China", diz Lula na Malásia
Presidente afirma que o Brasil busca relações equilibradas e rejeita onda protecionista
247 - Durante reunião com empresários brasileiros e malasianos realizada neste domingo no âmbito da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu uma nova ordem internacional baseada na cooperação entre países, e não em disputas ideológicas ou de poder entre potências.
Segundo Lula, “o mundo de hoje não aceita mais uma nova Guerra Fria”. O presidente destacou que o Brasil não pretende se alinhar a blocos rivais, mas sim manter uma política externa voltada à paz e ao desenvolvimento.
“Não queremos ficar disputando, como se disputou a partir da Segunda Guerra Mundial, quem era do lado da Rússia ou dos Estados Unidos. A gente não quer uma nova disputa entre quem está do lado dos EUA ou do lado da China. A gente quer estar ao lado da China, dos EUA, da Malásia, da Indonésia, de todos os países do mundo que queiram fazer negócios conosco. Porque é isso que pode fazer o mundo crescer, é isso que pode fazer o mundo se desenvolver, é isso que pode trazer investimentos de países estrangeiros em outros países estrangeiros”, declarou Lula.
O presidente também rejeitou as novas barreiras comerciais que vêm sendo erguidas ao redor do mundo, em meio à guerra tarifária iniciada pelos Estados Unidos. “Não podemos aceitar o fim do multilateralismo. Nós não podemos aceitar a ideia do protecionismo”, declarou Lula.
Fortalecimento de laços diplomáticos e econômicos
O presidente ressaltou ainda que o Brasil vem buscando fortalecer laços diplomáticos e econômicos com diferentes regiões do planeta. Ele lembrou que, historicamente, o país priorizou relações com a Europa e os Estados Unidos, deixando de lado vizinhos da América do Sul e outras regiões emergentes.
“Durante muito tempo o Brasil esteve isolado na América do Sul. Aliás, o Brasil também estava isolado da América do Sul, porque não tinha muito contato com a região e olhava apenas para a Europa e para os EUA. Nós então resolvemos tomar a decisão de que era preciso fazer o Brasil ter uma importância maior na geopolítica econômica e comercial. A primeira coisa que fizemos foi nos voltar para a América do Sul, para que pudéssemos construir uma relação de confiança com a região”, afirmou.
Diversificação de parcerias internacionais
Lula recordou que, desde o início de seu primeiro mandato, em 2003, o governo tem buscado diversificar os parceiros internacionais do Brasil, priorizando o Sul Global e novas oportunidades de integração.
“Quando assumi a presidência em 2003, resolvi que tínhamos que mudar esta concepção de política de relações internacionais do Brasil e que tínhamos que nos voltar para o mundo. Nos voltamos para a América do Sul, depois para o continente africano e depois descobrimos o leste asiático. Aos poucos estamos descobrindo que o mundo existe além da Europa e dos EUA”, concluiu o presidente.


