“O BRICS não nasceu para afrontar ninguém”, afirma Lula
Presidente cobra nova governança global, critica inércia da ONU diante de conflitos e propõe modelo alternativo baseado em solidariedade e desenvolvimento
247 - Durante declaração à imprensa nesta segunda-feira (7), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez duras críticas ao atual sistema de governança global e defendeu o BRICS como uma alternativa concreta e pacífica à paralisia das instituições multilaterais diante dos conflitos armados no mundo. Segundo ele, o grupo “não nasceu para afrontar ninguém”, mas representa “um outro jeito de organizar o mundo”.
Lula apontou que o planeta atravessa o período de maior instabilidade desde a Segunda Guerra Mundial. “Estamos vivendo hoje, depois da Segunda Guerra Mundial, o maior período de conflito entre os países. É guerra esparramada para tudo quanto é lado”, disse. Para o presidente, o papel das Nações Unidas foi esvaziado: “O Conselho de Segurança da ONU, que deveria ser o paradigma para tentar evitar que essas guerras acontecessem, eles são os promotores”.
ONU sem autoridade e negociações ausentes - O presidente citou as guerras no Iraque, na Líbia e na Ucrânia como exemplos de ações unilaterais feitas sem consulta à comunidade internacional. “Ninguém pede licença para fazer guerra. Vai, toma as decisões e vai fazendo. E a ONU perde credibilidade e autoridade para negociar”, afirmou. Segundo ele, a ausência de uma instituição com legitimidade dificulta qualquer tentativa de mediação entre as partes. “Quem é que negocia na guerra entre Rússia e Ucrânia? Não tem uma instituição capaz de sentar à mesa com os dois que estão em guerra.”
Lula comparou a guerra a uma greve sindical sem liderança para negociar uma saída: “O dirigente radicaliza muito, fica dizendo ‘100% ou nada’; os dias vão passando, ele percebe que não vai vir os 100% mas ele não tem coragem de baixar”.
Ao falar sobre a crise humanitária em Gaza, Lula fez nova crítica à ONU e às potências globais. “O que está acontecendo em Gaza já passou da capacidade de compreensão de qualquer mortal do planeta. Dizer que aquilo é uma guerra contra o Hamas? E só se mata inocentes, mulheres e crianças?”, questionou. “A ONU deveria estar coordenando, mas não pode porque ela está envolvida nisso. Quando digo a ONU, é porque o Conselho de Segurança é composto por países que estão envolvidos nisso.”
BRICS como alternativa solidária - Lula defendeu uma reforma na governança global, com mais representatividade e compromisso com a paz e o desenvolvimento. Nesse contexto, o BRICS surge como uma proposta alternativa: “É apenas um outro modelo, um outro modo de fazer política, uma coisa mais solidária”, afirmou. Ele explicou que o bloco não pretende rivalizar com instituições existentes, mas sim apresentar soluções para o mundo atual. “O BRICS é um modelo novo, uma coisa nova, uma coisa que se trata com muito mais cuidado, não é uma coisa fechada, um clube de privilegiados.”
O presidente também apontou que o Novo Banco de Desenvolvimento deve ter como foco principal o auxílio a países em desenvolvimento, e que a agenda ambiental precisa ser encarada com seriedade por todos. “Na questão ambiental, a gente tenha consciência de que a questão do clima é muito séria.”
Por fim, Lula reforçou o caráter transformador da proposta: “É um conjunto de países querendo criar um outro jeito de organizar o mundo, do ponto de vista econômico, do desenvolvimento e da relação humana. Uma outra coisa tem que ser feita.”
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