Netanyahu prioriza ofensiva militar para ocupação total de Gaza enquanto cresce pressão interna por libertação de prisioneiros
Em reunião do gabinete de segurança de Israel, Netanyahu rejeita acordo parcial para libertação de prisioneiros
247 - O gabinete de segurança de Israel voltou a se reunir na noite de domingo (31) para discutir a situação em Gaza, mas o acordo parcial de reféns aceito pelo Hamas não entrou na pauta, informa o jornal Haaretz. Foi a segunda reunião do tipo em menos de uma semana, em um momento de intensa pressão interna e internacional.
Segundo o jornal israelense, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu concentrou a agenda na preparação para uma ofensiva terrestre para tomar a Cidade de Gaza. O encontro também tratou de possíveis respostas à iniciativa de vários países que pretendem reconhecer formalmente um Estado palestino em setembro. Entre as medidas cogitadas estão a anexação da Cisjordânia, sanções contra a Autoridade Palestina e a evacuação da comunidade de Khan al-Ahmar.
O chefe do Estado-Maior das forças armadas de Israel (IDF), general Eyal Zamir, manifestou apoio à continuidade das negociações sobre prisioneiros durante a reunião. Apesar disso, Netanyahu rejeitou discutir a proposta apresentada pelo Hamas, que classificou como “irrelevante”. Fontes próximas ao gabinete afirmaram que a maior parte das seis horas de reunião foi dedicada à análise dos planos militares.
Durante o encontro, o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, chegou a sugerir uma votação para rejeitar oficialmente o acordo parcial, mas Netanyahu afirmou que não havia necessidade. Ele reiterou que a prioridade do governo é a operação para retomar Gaza
Críticas das famílias e pressões internas
A posição do governo provocou reação imediata do Fórum de Reféns e Famílias Desaparecidas, que acusou Netanyahu de colocar a política acima da vida dos prisioneiros. Em comunicado, a entidade afirmou que “Netanyahu está sacrificando os reféns e soldados no altar de sua sobrevivência política, enquanto uma proposta concreta está sobre a mesa, aprovada pelo Hamas”. Apesar da postura oficial, fontes israelenses afirmaram ao Haaretz que negociações continuam nos bastidores. Três episódios no domingo sugeriram movimentos para avançar em um possível acordo: declarações de Eyal Zamir ameaçando líderes do Hamas no exterior, a divulgação de um plano de reconstrução de Gaza apresentado aos Estados Unidos e informações de que o presidente Isaac Herzog avalia medidas para facilitar futuras trocas de prisioneiros.
Impasse diplomático e dificuldades de negociação
Especialistas apontam que a decisão de Netanyahu de não rejeitar oficialmente o plano pode ser uma estratégia para manter margem de manobra política. Ao mesmo tempo, fontes políticas destacaram que assassinatos de líderes do Hamas, incluindo porta-vozes e membros da cúpula, não resultaram em mudanças relevantes na posição do movimento de resistência nas negociações.
Um interlocutor envolvido nas tratativas disse ao jornal: “As negociações estão em andamento, há muito movimento. Mas é difícil saber se será possível amadurecer um acordo antes do início da operação em Gaza”.
Mobilização estudantil amplia pressão
Enquanto as negociações seguem incertas, estudantes do ensino médio realizaram protestos em cidades como Tel Aviv, Ramat Gan, Givatayim e Bat Yam. Além disso, alunos de cerca de 70 escolas em todo o país anunciaram greve, exigindo que o governo avance em um acordo para devolver os reféns e encerre a ofensiva militar. O movimento estudantil amplia o cerco interno sobre Netanyahu, que enfrenta resistência crescente tanto de familiares dos sequestrados quanto de setores da sociedade civil.