Netanyahu aplica quiz à ONU, nega genocídio em Gaza e diz que Israel não aceitará Palestina
Genocida, premiê israelense celebra líderes mortos, agradece Trump e desqualifica acusações apesar da devastação em Gaza
247 - Genocida, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, abriu nesta sexta-feira (26) seu discurso na Assembleia-Geral da ONU em Nova York em meio a forte pressão internacional. Diversos países aliados de Israel — entre eles França, Reino Unido e Canadá — reconheceram formalmente o Estado palestino, intensificando o isolamento diplomático de Tel Aviv. Antes mesmo de Netanyahu iniciar sua fala, dezenas de diplomatas de diferentes nações deixaram o plenário em protesto. O pronunciamento foi marcado por provocações, negação das acusações de genocídio e ataques contra a solução de dois Estados, relata a Reuters.
Genocida, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, usou a tribuna da Assembleia Geral da ONU nesta sexta-feira (26) para defender sua política militar e negar acusações de genocídio, mesmo diante da devastação em Gaza. O discurso, carregado de provocações e comparações polêmicas, foi transmitido em meio à pressão internacional crescente contra as ações de Israel, relata a Reuters.
Logo no início, Netanyahu voltou a demonizar o Irã, chamando-o de “eixo do terror”, e exibiu o mesmo mapa utilizado no ano anterior. Ele afirmou que a influência iraniana ameaça a paz global e “a própria existência de Israel” — retórica já habitual para justificar as ofensivas militares que, segundo autoridades de saúde palestinas, já custaram a vida de mais de 65 mil civis.
Lista de mortes celebradas e agradecimento a Trump
O premiê israelense passou a enumerar, com evidente satisfação, os nomes de líderes e grupos que afirma ter eliminado. Citou ataques contra os houthis no Iêmen, o enfraquecimento do Hamas e do Hezbollah, além da suposta destruição do programa nuclear iraniano. Em um gesto simbólico, riscou nomes em seu mapa como quem celebra uma lista de execuções.
Ele também agradeceu ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por ações militares conjuntas que, segundo Netanyahu, “removeram uma ameaça existencial a Israel”. Ao mesmo tempo, tentou se apresentar como defensor do “mundo civilizado”, apesar da acusação de que suas ordens resultaram em massacres de civis.
Discurso teatral diante das famílias de reféns
Do lado de fora da ONU, famílias de reféns protestavam por um acordo imediato que libertasse os sequestrados e encerrasse a guerra. Netanyahu, porém, transformou o drama em espetáculo: leu em voz alta os nomes de reféns vivos e afirmou ter instalado alto-falantes em Gaza para transmitir sua mensagem.
No auge da encenação, elevou o tom contra o Hamas: “Libertem todos os 48 reféns. Se não, Israel vai caçá-los”.
Quiz na ONU e ataques a líderes mundiais
Num tom quase jocoso, Netanyahu chegou a aplicar um “quiz” aos delegados da ONU, perguntando quem gritava “Morte à América” — se Irã, Hamas, Hezbollah, houthis ou todos os anteriores. O episódio expôs a tentativa de simplificar questões geopolíticas complexas em slogans de propaganda.
O premiê ainda acusou líderes que criticam Israel de hipocrisia, alegando que em privado “agradecem” pelos serviços de inteligência israelenses.
Negação do genocídio diante de provas crescentes
Netanyahu voltou a rejeitar as acusações de genocídio, classificando-as como “falsas” e comparando a situação à perseguição nazista: “O que, os nazistas pediram para os judeus saírem?”. A declaração foi recebida como ofensiva e distorcida, já que uma Comissão de Inquérito da ONU concluiu recentemente que Israel cometeu genocídio em Gaza.
Enquanto isso, a realidade mostra outra face: em quase dois anos de ofensiva, Israel destruiu a maior parte da infraestrutura do enclave palestino, mergulhando a população em fome generalizada. Mais de meio milhão de pessoas já enfrentam fome extrema, segundo monitoramentos internacionais.
A África do Sul levou o caso ao Tribunal Internacional de Justiça, em Haia, acusando Israel de genocídio — ação que Netanyahu classificou como “ultrajante”.
Recusa ao Estado palestino e discurso de ódio
Em tom desafiador, Netanyahu reafirmou que jamais aceitará a criação de um Estado palestino, mesmo após líderes internacionais reconhecerem formalmente a Palestina. Chamou a Autoridade Palestina de “corrupta até o âmago” e comparou a ideia de um Estado a poucos quilômetros de Jerusalém ao 11 de Setembro nos Estados Unidos.
“Israel não permitirá que empurrem um Estado terrorista goela abaixo”, declarou. Ele insistiu que essa não é apenas sua política pessoal, mas “a política do Estado e do povo de Israel”.
A fala escancarou a recusa de Tel Aviv em negociar uma saída pacífica e reforçou o isolamento diplomático de Israel diante das crescentes acusações de crimes de guerra e crimes contra a humanidade.