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Milhões protestam em cidades dos EUA contra Trump em atos ‘No Kings’

Manifestantes denunciam autoritarismo e corrupção do presidente dos Estados Unidos; atos foram pacíficos e reuniram diferentes gerações

Protesto contra Trump nos EUA (Foto: Reuters)

247 – Milhares de pessoas participaram neste sábado (18) de manifestações conhecidas como “No Kings” em diversas cidades dos Estados Unidos, em protesto contra o que consideram tendências autoritárias e corrupção do presidente Donald Trump. As informações são da agência Reuters.

Os organizadores previam a participação de milhões de pessoas em mais de 2,6 mil atos em grandes centros urbanos, pequenas cidades e áreas suburbanas. Os protestos têm como objetivo se opor à agenda de Trump, que, segundo os participantes, tem redesenhado estruturas do governo e rompido normas democráticas desde sua posse.

Atos pacíficos e clima festivo

Segundo as autoridades locais, os protestos ocorreram de forma pacífica e com clima de carnaval, com participantes fantasiados, balões e bonecos infláveis. Não houve registros relevantes de violência.

Em Nova York, mais de 100 mil pessoas lotaram a Times Square e outras áreas dos cinco distritos da cidade. A polícia informou que não fez nenhuma prisão relacionada aos protestos. Manifestações também reuniram milhares em cidades como Boston, Filadélfia, Atlanta, Denver, Chicago, Seattle, Los Angeles, Portland, Houston e San Diego.

“Não existe nada mais americano do que dizer ‘não temos reis’ e exercer nosso direito de protestar pacificamente”, afirmou Leah Greenberg, cofundadora da organização progressista Indivisible, uma das responsáveis pela convocação dos atos.

Críticas ao autoritarismo e à concentração de poder

Os participantes expressaram preocupação com decisões de Trump, como a perseguição judicial de adversários, o envio da Guarda Nacional a cidades norte-americanas, a militarização da política migratória e a nomeação de aliados sem experiência para cargos-chave da administração.

Em Washington, D.C., manifestantes marcharam em direção ao Capitólio carregando cartazes, bandeiras e balões. “Queremos mostrar nosso apoio à democracia e lutar pelo que é certo. Sou contra o abuso de poder”, disse Aliston Elliot, vestida com uma coroa da Estátua da Liberdade.

Vozes de veteranos e ex-republicanos

Entre os participantes, muitos eram veteranos das Forças Armadas e ex-eleitores do Partido Republicano. Kevin Brice, 70 anos, vestia um moletom com a frase “No Kings since 1776”. “Tudo pelo que achei que lutava enquanto servia ao Exército parece estar em risco”, disse.

Steve Klopp, 74, ex-integrante da indústria petrolífera no Texas, usava uma camiseta com os dizeres “Former Republican” (“ex-republicano”). “Minha família sempre foi republicana. A ideia de que uma única pessoa poderia me afastar do partido é absurda”, declarou.

Descontentamento econômico e social

Além das críticas políticas, também houve reclamações sobre a situação econômica. Em Denver, Kelly Kinsella, fantasiada de Estátua da Liberdade com lágrimas de sangue pintadas no rosto, afirmou ter ido às ruas devido à inflação crescente, que atribuiu às tarifas comerciais impostas pelo governo Trump.

Em Houston, o veterano do Corpo de Fuzileiros Navais Daniel Aboyte Gamez, de 30 anos, que serviu no Iraque, Afeganistão e Síria, desabafou: “Não entendo o que está acontecendo com este país.”

Resposta do governo e reação de republicanos

O presidente Donald Trump respondeu em entrevista à Fox Business, dizendo: “Eles estão se referindo a mim como um rei — eu não sou um rei.”

Enquanto lideranças democratas como Chuck Schumer e Alexandria Ocasio-Cortez apoiaram o movimento, o presidente da Câmara dos Deputados, Mike Johnson, classificou os protestos como uma “manifestação de ódio contra a América”.

Outros republicanos afirmaram que os organizadores criam um ambiente que pode estimular violência política, especialmente após o assassinato do ativista conservador e aliado de Trump, Charlie Kirk, em setembro.

Movimento ganha força nacional

Os atos de sábado ampliam mobilizações anteriores realizadas em 14 de junho, aniversário de 79 anos de Trump, quando entre 4 e 6 milhões de pessoas participaram de protestos semelhantes, segundo estimativas do jornalista G. Elliott Morris.

A cientista política Dana Fisher, professora da American University e especialista em ativismo, afirmou que o dia pode ter registrado uma das maiores manifestações da história recente dos Estados Unidos, com expectativa de mais de 3 milhões de participantes.

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