Medvedev alerta para risco de novo Chernobyl após ataques israelenses ao Irã
Ex-presidente russo diz que ofensiva contra instalações nucleares iranianas pode causar desastre radioativo
247 – Em meio à escalada de tensões entre Israel e Irã, o ex-presidente da Rússia e atual vice-presidente do Conselho de Segurança russo, Dmitry Medvedev, alertou para o risco de uma catástrofe nuclear de grandes proporções. A advertência foi publicada nesta quinta-feira (20) em suas redes sociais, conforme noticiado pela emissora russa RT.
“Todos, inclusive o ministro da Defesa de Israel, com suas declarações ruidosas sobre o destino de Khamenei, devem compreender que ataques a instalações nucleares são extremamente perigosos e podem levar à repetição da tragédia de Chernobyl”, escreveu Medvedev, referindo-se ao desastre ocorrido em 1986 na Ucrânia soviética.
A preocupação do dirigente russo foi motivada pelas informações de que os Estados Unidos estariam considerando um ataque ao centro nuclear iraniano de Fordow, instalado sob uma montanha e projetado para resistir a ataques aéreos. A ofensiva, segundo a imprensa norte-americana, poderia envolver o uso da bomba penetradora GBU-57, também conhecida como “bunker buster”. No entanto, fontes consultadas pelo The Guardian afirmam que nem mesmo esse armamento convencional seria suficiente para destruir o complexo — alguns chegaram a sugerir que apenas uma arma nuclear tática teria tal capacidade, hipótese que, segundo a reportagem, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não estaria considerando.
A Casa Branca desmentiu as especulações. De acordo com a Fox News, um funcionário do governo norte-americano declarou sob anonimato que o Exército dos EUA está “confiante de que as bunker busters podem cumprir o objetivo” e que “nenhuma opção foi retirada da mesa”. A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que uma decisão final sobre qualquer ação militar será tomada nas próximas duas semanas.
As tensões aumentaram drasticamente na sexta-feira passada, quando Israel lançou bombardeios contra instalações nucleares iranianas e realizou o assassinato de cientistas e oficiais militares do alto escalão iraniano. O governo de Tel Aviv justificou a ação como uma medida “preventiva” para impedir que o Irã desenvolva armas nucleares. Teerã, por sua vez, nega que seu programa nuclear tenha fins militares, posição que é corroborada pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que afirma não haver sinais de tentativa de armamento nuclear.
Em resposta aos ataques, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, declarou na noite de quarta-feira (19), durante sessão de perguntas com jornalistas, que “apesar dos bombardeios, a infraestrutura subterrânea iraniana continua operacional”. Moscou tem defendido o diálogo e se oferecido como mediadora na crise.
Na sexta-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, classificou como “especulativos” os rumores sobre o uso de armas nucleares táticas por parte dos EUA, e alertou: “Uma ação desse tipo seria catastrófica”.
A retórica inflamou-se ainda mais quando o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, classificou o líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, como um “Hitler dos tempos modernos” que “não pode mais ser permitido existir”.
A comunidade internacional assiste com preocupação ao agravamento do cenário. O histórico da região e o envolvimento de potências nucleares tornam o conflito um dos mais perigosos dos últimos tempos, com potencial de irradiar consequências globais — tanto no sentido figurado quanto literal.
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