Mediadores condenam governo de Netanyahu por ignorar acordo que prevê libertação de prisioneiros e trégua em Gaza
Governo genocida não respondeu à proposta de cessar-fogo do Hamas
247 - O Catar e o Egito criticaram duramente Israel por ainda não responder à proposta de cessar-fogo apresentada pelo Hamas, que inclui a libertação de prisioneiros em troca de prisioneiros palestinos. Segundo os mediadores, a falta de posicionamento demonstra que Netanyahu não está interessado em avançar nas negociações.
De acordo com a publicação, representantes do Egito chegaram a transmitir a Israel sua “decepção, frustração e raiva” diante do impasse. O mal-estar ocorreu em meio a grandes protestos em todo o país, exigindo que o governo aceite o acordo e ponha fim à guerra em Gaza. Paralelamente, o gabinete de segurança de Benjamin Netanyahu se reuniu, mas não discutiu a proposta, concentrando-se apenas em aprovar operações militares para conquistar a Cidade de Gaza.
Catar acusa Israel de bloquear acordo
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar, Majed al-Ansari, afirmou que a proposta apresentada já contempla quase todas as exigências de Israel.
“A bola agora está na quadra de Israel, e parece que o país não quer chegar a um acordo”, declarou Ansari.
Segundo ele, o documento em análise corresponde a “90% do que Israel quer”. O Hamas já havia aceitado um plano que prevê a troca de dez prisioneiros vivos por prisioneiros palestinos durante uma trégua de 60 dias, prorrogável mediante acordo para um cessar-fogo permanente.
Entre os pontos propostos, está a libertação de 1.000 palestinos de Gaza detidos desde 7 de outubro de 2023 e a troca proporcional de corpos em caso de reféns mortos.
Embora o plano seja semelhante a um já aceito anteriormente, Netanyahu, segundo a imprensa israelense, defende agora apenas um acordo amplo que contemple a libertação de todos os prisioneiros e o fim definitivo da guerra. O premiê também condiciona o cessar-fogo ao desarmamento do Hamas, à desmilitarização da Faixa de Gaza e à transferência da administração local para uma entidade que não seja o grupo islâmico nem a Autoridade Palestina.
Ainda de acordo com a reportagem, a reunião do gabinete de segurança foi antecipada para que ministros pudessem participar, em seguida, de um jantar promovido na Cisjordânia em celebração à legalização de assentamentos.
Protestos se intensificam em Israel
Enquanto os ministros deliberavam, milhares de israelenses marchavam em Jerusalém e bloquearam estradas em diferentes regiões do país. O movimento, organizado pelo Fórum de Famílias de Reféns e Desaparecidos, exigia que o governo aceitasse o acordo para salvar vidas.
Manifestantes entoaram frases como “vidas humanas em primeiro lugar” e acusaram Netanyahu e seus aliados de “abandonar os reféns”. Em Tel Aviv, estima-se que cerca de 500 mil pessoas tenham participado, dentro de um total que superou 1 milhão em todo o país.
Grupos de ex-reféns e familiares dos sequestrados também acusaram o governo de “torpedear” as negociações, que poderiam garantir a libertação imediata de pelo menos dez pessoas em poder do Hamas.