Macron é o 1º presidente fora do ranking dos 50 políticos franceses mais populares; entenda os motivos
Pesquisa revela rejeição recorde a Emmanuel Macron, que enfrenta crise de governabilidade e perda de apoio após reformas impopulares
247 – Em um marco histórico, o presidente francês Emmanuel Macron tornou-se o primeiro chefe de Estado em mais de duas décadas a não figurar entre os 50 políticos mais populares da França. A informação foi divulgada pela Sputnik Brasil, com base em levantamento realizado pelo instituto Ifop-Fiducial para a revista Paris Match, publicado nesta terça-feira (14).
De acordo com a pesquisa, Macron ocupa atualmente a 51ª posição, atrás do ex-primeiro-ministro François Bayrou. O estudo também mostra que 78% dos franceses têm uma opinião negativa sobre seu governo — um aumento expressivo em relação aos 70% registrados no mês anterior.
Queda inédita de popularidade
Criado em 2003, o ranking dos 50 políticos mais populares da França nunca havia deixado de incluir o presidente em exercício. Os antecessores de Macron, Nicolas Sarkozy e François Hollande, mantiveram-se sempre acima da 43ª colocação durante seus mandatos.
O contraste se torna ainda mais evidente quando se observa que Sarkozy, condenado recentemente a cinco anos de prisão por corrupção, figura agora na quarta posição entre os políticos mais admirados pelos franceses. Já o atual primeiro-ministro Sébastien Lecornu, nomeado há poucos meses, aparece em 13º lugar, reforçando a percepção de desgaste da imagem presidencial.
Fatores que impulsionaram a crise política
A crise de popularidade de Macron reflete um conjunto de fatores políticos, sociais e institucionais que abalaram sua base de apoio e a capacidade de governar.
1. Falta de maioria parlamentar
As eleições legislativas antecipadas de 2024 resultaram em um parlamento fragmentado, sem uma coalizão estável. Essa situação provocou a nomeação de três primeiros-ministros em apenas um ano, evidenciando o impasse político e a dificuldade de articulação do governo.
2. Reforma da Previdência impopular
A proposta de Macron de elevar a idade mínima de aposentadoria de 62 para 64 anos gerou uma onda de protestos em massa e forte resistência dos sindicatos e de partidos como o Partido Socialista. A rejeição forçou o Palácio do Eliseu a suspender a reforma até depois das eleições presidenciais de 2027.
3. Crise de liderança interna
A renúncia repentina de Sébastien Lecornu apenas 14 horas após sua nomeação como primeiro-ministro tornou-se símbolo da instabilidade no alto escalão do governo. Sua recondução ao cargo, sem apoio consistente da esquerda, aprofundou as divisões internas e ampliou o desgaste político.
4. Pressões por eleições antecipadas
O ex-premiê Édouard Philippe, aliado histórico de Macron, sugeriu publicamente a convocação de eleições presidenciais antecipadas após a votação do orçamento de 2026, como forma de superar o impasse e restaurar a confiança no governo — uma proposta que ganhou força entre setores moderados e opositores.
França em impasse político
A conjuntura atual revela um país mergulhado em crise de governabilidade, com a confiança pública em queda e uma elite política profundamente dividida. Analistas apontam que a recuperação da estabilidade política e econômica será decisiva para definir o futuro da França nos próximos anos.
Enquanto isso, Macron enfrenta o desafio de reconstruir sua imagem e retomar o diálogo com a sociedade, em um contexto de crescente descontentamento popular e fragmentação partidária.


