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Lula e Trump podem ter primeiro encontro na Assembleia Geral da ONU

Presidentes do Brasil e dos EUA discursam nesta terça em Nova York em meio a sanções e clima de tensão diplomática

Donald Trump e Lula (Foto: REUTERS/Brian Snyder | REUTERS/Adriano Machado)

247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, poderão se encontrar pela primeira vez nesta terça-feira (23), durante a abertura da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, informa Malu Gaspar, do jornal O Globo.

Lula será o primeiro a discursar, mantendo a tradição de o Brasil abrir a sessão anual, seguido por Trump. Embora não haja confirmação de um cumprimento ou conversa entre os dois líderes, ambos utilizarão o mesmo acesso reservado a chefes de Estado para chegar ao púlpito, o que pode gerar um encontro nos bastidores.

Relações tensas e sanções recentes

Este será o primeiro ambiente compartilhado entre os dois desde o retorno de Trump à Casa Branca, em janeiro de 2025. A relação está marcada por atritos, sobretudo devido às sucessivas sanções impostas por Washington contra autoridades brasileiras, membros do Judiciário e integrantes do governo Lula.

As medidas mais recentes incluem a inclusão da advogada Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, na lista da Lei Magnitsky. O escritório e a empresa de Viviane também foram alvo das sanções. Além disso, o governo americano suspendeu o visto do advogado-geral da União, Jorge Messias, e de ex-membros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), como o ministro aposentado Benedito Gonçalves.

Segundo os Estados Unidos, as punições são uma retaliação ao julgamento de Jair Bolsonaro (PL), condenado a 27 anos e 3 meses de prisão pela Primeira Turma do STF por participação em uma trama golpista.

Restrição a autoridades brasileiras

Outro episódio de tensão diplomática envolveu o ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT). Embora tenha recebido autorização para viajar a Nova York, ele foi impedido de circular livremente e vetado de comparecer a uma reunião da Organização Pan-Americana de Saúde em Washington. Padilha comparou a situação a uma “tornozeleira diplomática”.

Desencontros anteriores

Um encontro entre Lula e Trump era esperado em junho, durante a cúpula do G7 no Canadá. No entanto, o presidente americano deixou o país antes da chegada do brasileiro. Em entrevista ao Jornal Nacional, em julho, Lula ironizou o episódio: “Eu imaginei encontrar com o Trump no G7. Quando nós chegamos lá, ele tinha saído. Porque a reunião foi feita num lugar muito escondido, porque o Trump não seria bem recebido no Canadá”.

Postura de Trump e histórico eleitoral

Apesar das sanções, Trump tem direcionado sua retórica principalmente contra Alexandre de Moraes e autoridades do Judiciário brasileiro. Lula é citado apenas no contexto econômico, especialmente após o aumento de tarifas sobre produtos brasileiros.

O tom contrasta com 2022, quando Trump gravou vídeos em apoio à reeleição de Jair Bolsonaro e chegou a chamar Lula de “lunático” e “esquerdista radical” em sua rede Truth Social, alertando que a vitória do presidente “destruiria o Brasil rapidamente”.

Lula não foi convidado para a posse de Trump em janeiro deste ano, ao contrário de Bolsonaro, que não pôde comparecer por decisão do STF. O ex-presidente foi representado pelo filho Eduardo Bolsonaro, acompanhado da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Convivência até 2026 — ou além

Independentemente de gestos de aproximação ou atrito explícito em Nova York, a relação entre os dois líderes deverá se estender pelos próximos anos. Lula ficará no cargo até dezembro de 2026, podendo disputar a reeleição. Já Trump, impedido constitucionalmente de tentar outro mandato após 2029, seguirá como interlocutor central da diplomacia brasileira nos próximos quatro anos.

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