Jornada de trabalho exaustiva, banida na China, é a nova febre em startups dos EUA
Jornada de 72 horas semanais, vista como “escravidão moderna” por críticos, começa a ser adotada por empresas americanas de tecnologia
247 - Um modelo de trabalho exaustivo, originário da China e já proibido no país asiático, começa a conquistar espaço em startups dos Estados Unidos. Trata-se da chamada escala 996, que prevê expediente das 9h às 21h, seis dias por semana — totalizando 72 horas semanais. A informação foi divulgada pelo UOL.
O formato ficou conhecido no Vale do Silício como um método para acelerar a produtividade e impulsionar o crescimento das empresas, especialmente em setores de tecnologia e inovação. No entanto, especialistas alertam para os riscos à saúde física e mental dos trabalhadores, que incluem exaustão, estresse crônico e síndrome de burnout.
Na China, o 996 ganhou popularidade no ecossistema de startups e grandes empresas de tecnologia na última década, mas foi alvo de forte pressão social e jurídica. Após denúncias e investigações, autoridades do país determinaram que a prática viola leis trabalhistas, que limitam a jornada e preveem horas extras regulamentadas.
Nos Estados Unidos, o cenário é diferente. Embora haja leis estaduais e federais sobre horas extras, a cultura corporativa em empresas de inovação muitas vezes valoriza o desempenho acima do equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Esse ambiente permite que modelos intensivos, como o 996, ganhem espaço sob o argumento de que a adesão é “voluntária” — ainda que, na prática, muitos funcionários se sintam pressionados a seguir o ritmo para manter seus empregos ou avançar na carreira.
Críticos classificam a escala como uma forma de “escravidão moderna”, alegando que ela mascara condições abusivas sob o discurso de meritocracia e paixão pelo trabalho. Defensores, por outro lado, afirmam que a prática estimula a entrega de resultados em projetos competitivos e aumenta as chances de sucesso no mercado global.
Com o avanço dessa tendência no território americano, cresce o debate sobre até que ponto a busca por inovação pode justificar jornadas tão intensas. Sindicatos e organizações trabalhistas já começam a discutir formas de limitar a adoção do 996, enquanto empresários observam de perto os impactos sobre produtividade e retenção de talentos.
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