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      Itamaraty rebate "ofensas, inverdades e grosserias inaceitáveis" de ministro de Israel contra Lula

      Ministério cita “habituais mentiras e agressões” de Katz e cobra responsabilidade do ministro diante do genocídio do povo palestino em Gaza

      Israel Katz (Foto: REUTERS/Eduardo Munoz)
      Guilherme Levorato avatar
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      247 - Em publicação oficial nas redes sociais, o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) repudiou declarações do ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, dirigidas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na nota, a chancelaria brasileira atribui a Katz “ofensas, inverdades e grosserias inaceitáveis” e exige que ele assuma responsabilidade pelos desdobramentos do genocídio em Gaza, citando especificamente o ataque ao hospital Nasser.

      A posição foi expressa em postagem pública na qual o ministério afirma: “O Ministro da Defesa e ex-chanceler israelense, Israel Katz, voltou a proferir ofensas, inverdades e grosserias inaceitáveis contra o Brasil e o Presidente Lula. Espera-se do sr. Katz, em vez de habituais mentiras e agressões, que assuma responsabilidade e apure a verdade sobre o ataque de ontem contra o hospital Nasser, em Gaza, que provocou a morte de ao menos 20 palestinos, incluindo pacientes, jornalistas e trabalhadores humanitários. As operações militares israelenses em Gaza já resultaram na morte de 62.744 palestinos, dos quais um terço são mulheres e crianças, e em uma política de fome como arma de guerra imposta à população palestina. Israel encontra-se sob investigação da Corte Internacional de Justiça por plausível violação da Convenção para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio. Como Ministro da Defesa, o senhor Katz não pode se eximir de sua responsabilidade, cabendo-lhe assegurar que seu país não apenas previna, mas também impeça a prática de genocídio contra os palestinos”.

      Acusações de Katz e reação brasileira

      A reação ocorre após Israel Katz intensificar ataques a Lula em publicação na rede X. No texto, o ministro israelense associou a decisão do governo brasileiro de retirar-se da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA) a um suposto alinhamento do Brasil a regimes hostis a Israel. “Agora, ele [Lula] revelou sua verdadeira face como antissemita declarado e apoiador do Hamas ao retirar o Brasil da IHRA, colocando o país ao lado de regimes como o Irã, que nega abertamente o Holocausto e ameaça destruir o Estado de Israel. Como Ministro da Defesa de Israel, afirmo: saberemos nos defender contra o eixo do mal do islamismo radical, mesmo sem a ajuda de Lula e seus aliados”, escreveu Katz.

      Ao rechaçar as acusações, o Itamaraty cobrou do ministro a apuração dos fatos sobre o ataque ao hospital Nasser, em Gaza, que deixou ao menos 20 mortos, entre pacientes, jornalistas e trabalhadores humanitários. A pasta também ressaltou que Israel está sob investigação da Corte Internacional de Justiça por plausível violação da Convenção do Genocídio, enfatizando que cabe a Katz, como ministro da Defesa, garantir medidas para prevenir e impedir a prática do crime contra o povo palestino.

      Impasse diplomático

      A escalada de tensões ocorre em meio ao impasse envolvendo a nomeação do diplomata Gali Dagan para a embaixada de Israel em Brasília. O governo brasileiro não respondeu ao pedido de agrément apresentado por Israel — procedimento diplomático que antecede a indicação formal de um embaixador —, o que foi interpretado por Tel Aviv como rejeição.

      Em reação, o governo israelense anunciou a retirada da indicação de Dagan, comunicou que não apresentará outro nome e informou que passará a conduzir as relações com o Brasil em um “patamar inferior” diplomático. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores de Israel afirmou que a decisão foi motivada pela “abstenção de resposta” do Brasil ao pedido de agrément e declarou que seguirá dialogando com os “muitos círculos de amigos de Israel no Brasil”.

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