Israel realizou mais de 2,3 mil ataques contra palestinos na Cisjordânia
Relatório palestino denuncia estratégia sistemática de expulsão e expansão colonial com apoio de milícias de colonos
247 - Em um novo e alarmante balanço sobre a ocupação israelense, a Comissão de Resistência ao Muro e aos Assentamentos da Palestina denunciou que forças israelenses e colonos realizaram mais de 2.350 ataques contra civis palestinos na Cisjordânia em apenas um mês.
O levantamento foi divulgado pelo presidente do órgão, Muayyad Shaaban, que atribuiu a ofensiva a uma “estratégia organizada de desapropriação e colonização”.Segundo informou a agência Prensa Latina, o relatório intitulado “Violações das medidas de ocupação e expansão colonial” aponta que 1.584 dos ataques foram executados por tropas israelenses, enquanto os colonos foram responsáveis pelo restante.
As ações se concentraram principalmente nas províncias de Ramallah (542), Nablus (412) e Hebron (401), regiões que têm sido palco frequente de confrontos e demolições forçadas.Shaaban alertou que as ofensivas vêm acompanhadas de uma série de abusos, entre eles demolição de casas, queima de plantações, confisco de propriedades, vandalismo e restrições de movimento. “O aumento desses crimes confirma que não se tratam de incidentes isolados, mas sim de uma estratégia organizada para desapropriar os proprietários de suas terras e impor um sistema de assentamento racista abrangente”, afirmou.
O dirigente palestino classificou as ações de colonos como “um novo exemplo do terrorismo de Estado”, sustentado por políticas oficiais israelenses. Ele defendeu uma resposta firme da comunidade internacional para conter o que descreve como “crimes contínuos contra o povo palestino”.O relatório também aponta que, desde o início de 2025, colonos armados na Cisjordânia mataram 14 palestinos e realizaram 352 atos de sabotagem e roubo de propriedades. Shaaban revelou ainda que, apenas em outubro, extremistas tentaram criar sete novos assentamentos ilegais, principalmente voltados para atividades agrícolas e pecuárias, em terras palestinas confiscadas.
Durante o mesmo mês, 25 operações de demolição destruíram 28 estruturas palestinas, incluindo 15 residências habitadas e 11 instalações agrícolas, aprofundando a crise humanitária e o deslocamento forçado na região.Atualmente, mais de 750 mil colonos judeus vivem na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, distribuídos em cerca de 180 assentamentos e 256 postos avançados — números que refletem a continuidade da política de expansão israelense.A comunidade internacional segue rejeitando oficialmente a ocupação e considera o território parte essencial de um futuro Estado palestino, cujo reconhecimento é defendido por grande parte dos países-membros da ONU. Entretanto, na prática, a colonização segue em ritmo acelerado, alimentando tensões e o colapso das perspectivas de paz na região.

