Irã acusa diretor da AIEA de cumplicidade com Israel e EUA por elaborar relatório falso sobre programa nuclear
Teerã responsabiliza Rafael Grossi por fornecer com relatório falso o pretexto para a agressão de Israel
247 - O governo do Irã acusou o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, de ter contribuído com um relatório falso para justificar a agressão militar de Israel contra o país. A denúncia foi feita na quinta-feira (19) pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano, Esmail Baqai, por meio de uma postagem na rede social X. A informação foi pelo canal iraniano Hispan TV.
Na publicação, Baqai destacou a declaração recente de Grossi, feita em 18 de junho ao Conselho de Governadores da AIEA, segundo a qual a agência "não tem nenhuma evidência de um esforço sistemático do Irã para avançar em direção à fabricação de uma arma nuclear". Para o porta-voz iraniano, essa admissão é “tardia demais” e confirma que o relatório anterior da AIEA era “tendencioso” e “enganoso”.
“Senhor Grossi, o senhor ocultou essa verdade em seu relatório totalmente tendencioso, que foi explorado por Alemanha, França, Reino Unido e Estados Unidos para redigir uma resolução com acusações infundadas de ‘não conformidade’. Essa mesma resolução foi então usada como pretexto final por um regime genocida e belicista para travar uma guerra agressiva contra o Irã e lançar um ataque ilegal às nossas instalações nucleares pacíficas”, denunciou Baqai.
De forma contundente, o diplomata acusou Grossi de ter “traído o regime de não proliferação nuclear” e de ter transformado a AIEA em “uma ferramenta conveniente para os estados não signatários do TNP (Tratado de Não Proliferação Nuclear) privarem os estados signatários dos seus direitos fundamentais”. Em tom de indignação, Baqai questionou: “Você ainda tem alguma consciência?”
As críticas surgem após a publicação de um relatório da AIEA, considerado pelo Irã como “politicamente motivado” e usado por potências ocidentais para justificar pressões diplomáticas e ações hostis contra Teerã. Segundo Baqai, o documento serviu de justificativa para um ataque militar direto de Israel, com apoio tácito dos Estados Unidos, contra o complexo nuclear de Natanz, na cidade iraniana de Isfahan.
“Narrativas enganosas têm consequências terríveis”, afirmou Baqai, que exigiu responsabilização pessoal do diretor da AIEA por ter contribuído para uma guerra injusta. A retórica adotada por Teerã reforça sua posição de que a campanha israelense, com anuência dos EUA, viola o direito internacional e configura uma agressão contra um país soberano que desenvolve um programa nuclear pacífico.
A escalada do conflito reacende o debate sobre a parcialidade de organismos internacionais e sua instrumentalização por potências ocidentais. O Irã tem defendido o direito de desenvolver tecnologia nuclear para fins civis, conforme previsto no Artigo 4 do TNP, ao qual o país é signatário. Em contrapartida, Israel, que não é parte do tratado e nunca declarou oficialmente seu arsenal atômico, segue impune mesmo após múltiplas agressões à soberania iraniana.
No contexto atual, as críticas iranianas à AIEA se inserem em uma disputa mais ampla por legitimidade e autodeterminação, numa conjuntura marcada pelo recrudescimento da política de guerra contra a República Islâmica. As autoridades iranianas indicam que continuarão se defendendo e exigindo justiça diante do que consideram “uma guerra de agressão ilegal e criminosa”.
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